quinta-feira, 26 de abril de 2012

Efeitos da ata do Copom

A taxa de juros para janeiro de 2013 baixou de 8,40 para 8,35, e de janeiro de 2014, de 8,84 para 8,80. Os analistas econômicos atualizaram suas previsões, de 9,00% ao final de 2012 para 8,75% — enfim se convenceram de que a taxa vai para o piso mínimo ou além desse.
A ata é difícil de ser interpretada. No mínimo, mostra que não há convergência, entre os votantes, para os próximos passos do Bacen. Fala de uma recuperação lenta da economia, ao mesmo tempo que se refere a uma demanda doméstica robusta e uma inflação em queda. Como os efeitos da política monetária, nas palavras dos redatores, são "cumulativos e defasados", movimentos ulteriores devem ser conduzidos com "parcimônia". A decisão dos 9% ocorreu "dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias.
Ora, a ata não diz que o processo tenha se encerrado. É mais provável que nada tenha se decidido para a reunião do dia 30 de maio. O mercado já decidiu pelo corte de 0,25% e creio que irá influenciar os tomadores de decisão.
A aposta passa a ser na economia real. Se a economia não aquecer logo, ficará difícil para o Copom não cortar 0,25 p.p. a cada reunião, mesmo diante do argumento de que os efeitos demoram para ocorrer. Daí podemos imaginar algo como 8,50% ou 8,25% no fim do ano, sem dificuldades. Como não acredito na economia brasileira mudando seu curso tão rapidamente, opto por ficar vendido no médio prazo. Mas no curto prazo, 8,35 é bastante baixo e bem possível que a taxa retorne em maio para a casa dos 8,40, com o mercado menos reativo.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Até quanto baixam os juros?

A novela dos juros baixos tem um capítulo a cada dia. Luciano Coutinho sugeriu que há espaço para redução dos juros, ao mesmo tempo afirmou que a TJLP está no piso em 6%. Citou-se um possível cenário de convergência entre Selic e TJLP.
O relatório Focus de hoje mostra os analistas mantendo a taxa de juros a 9% ao fim de 2012 e 10% ao fim de 2013 e IPCA de 5,08% para 2012 e 5,50% para 2013. Na minha humilde opinião, os analistas estão bem atrasados — aproximadamente meio ponto percentual na Selic. O contrato de janeiro de 2013 fechou a segunda-feira em 8,45 e o de janeiro de 2014 em 9,55.
A ata do Copom só vem na quinta-feira. Só salvaguardaria os analistas do Focus se escrevesse estar encerrado o ciclo de baixa dos juros, o que eu duvido muito. Mesmo escrito, parece que a palavra falada de Mantega tem valido mais do que a impressa de seus colegas.
De qualquer forma, a decisão dos 9% saiu na quarta-feira passada, por unanimidade. Difícil acreditar que tanta coerência também estaria por trás de um piso de 9%. Octavio de Barros adiantou, logo depois, acreditar em 8,50%. O mesmo caminho seguiu Ilan Goldfajn. E o mercado acompanhou a ideia de queda — na quinta-feira, o contrato de janeiro de 2013 foi de 8,66% para 8,40%.
Ora, será que os analistas econômicos estão se fiando demasiadamente na nota à imprensa? O texto diz: dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 9,00% a.a., sem viés. Ora, o texto é de valoração dúbia: se por um lado diz não haver viés, por outro diz haver continuidade de um processo de baixa. O único movimento que se pode excluir é o de alta.
Salvo engano, a ata não irá dirimir essas dúvidas. Duvido que firme com o fim do ciclo de baixa. Esperemos ansiosos. Mesmo assim, sigo opinando que abaixo de 8,50% é muito, ao menos por enquanto.

Vença com folga suas apostas

Há apostas certas e há apostas erradas. Nem sempre a aposta certa é vencedora, afinal, como se diz, o futebol é uma caixinha de surpresas. Mas você apostou no time que de fato jogou melhor, criou boas oportunidades e bolas na trave, porém o adversário fez um gol de bola parada cuja bola desviou na barreira. Não é motivo para desespero. Isso acontece e sempre vai acontecer. Muitos resultados são aleatórios. O importante é você ter a certeza que apostou corretamente. O inverso também vale. Não adianta ficar feliz quando você fez, nitidamente, a aposta errada, e por um golpe de sorte, do destino, conseguiu sair com a vitória.
O mais certo é vencer com folga, porque esse é o único modo de você escapar da aleatoriedade que deixa os apostadores loucos. Barcelona x Chelsea (10.0), por exemplo. Ganhar 10 vezes sua aposta é muito interessante, ainda mais lembrando que o time inglês já foi capaz de vencer o catalão há menos de uma semana e que o Barça vem de duas derrotas. Mas é óbvio que os espanhóis são infinitamente melhores que os ingleses.
O Chelsea entrará retrancado, com duas linhas defensivas, de 4 e 5 jogadores, com Drogba, supostamente dúvida para a partida, marrento, solto à frente. Di Matteo garante que o Chelsea vai atacar, mas ninguém acredita. A estratégia, se é que podemos conceituar assim, é defender-se com unhas e dentes e fazer gols na sorte e no oportunismo. Mesmo assim, uma vitória do Chelsea é muito improvável. Mas apostar em Chelsea +2 (2.05) pode ser uma boa. Mas para vencer com folga, que teoricamente é o mais correto, seria apostar em Chelsea +3 (1.40). É só um exemplo. Mesmo porque se o Barça fizer seu gol logo no começo do jogo, a partida se abre e muitos gols podem ocorrer se os azuis tiverem que sair, de fato, para o jogo. A minha opção, para apostar com folga, é que o Chelsea faz no máximo 1 gol (1.14).
Além do aspecto financeiro, vencer com folga é muito importante para a moral do apostador. E no mundo de apostas, com o risco do desespero e do tilte, a vitória vale muito do ponto de vista psicológico. Com a auto-estima elevada, o desempenho melhora e apostador segue lutando.

Carteira da Ativa foge do mercado interno

A carteira recomendada da Ativa para o período de 23 a 27 de abril fez uma limpa em ações calcadas no forte desempenho do mercado interno: foram retiradas LAME4, MGLU3 e BRML3. A corretora manteve CCRO3, como opção defensiva. Para aproveitar a divulgação de resultados durante a semana, inseriu KLBN4 e BBDC4. Também sugeriu PETR4 e TIMP3 pelo chamado "potencial de recuperação de curto prazo" — expressão passa a ideia de que parte das recomendações feita pela corretora é baseada em análise gráfica.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

É possível falar de metas em Forex?

Uma das maiores bobagens difundidas no mercado de forex é a questão de metas de rentabilidade. É um mito propagado por enganadores, a fim de fisgar traders ingênuos. Ora, só existe rentabilidade assegurada na renda fixa. Mesmo na renda variável básica, o mercado acionário, é impossível falar de meta. Ainda que as ações tenham crescido 5% ao ano, nos EUA, no século XX, não há nenhuma garantia de que esse desempenho se repita na década que você está. O Nikkei está parado há duas décadas. Nossa Bovespa já faz 5 anos sem ver o topo.
A promessa de rentabilidade de falsários no mercado faz crer que é possível você estabelecer metas. Mas o forex é muito mais agressivo, em termos de variância, do que o mercado acionário. Não dá para falar em metas de percentuais de rendimento, do tipo 10% ao mês ou 30% ao ano. Faz pouco sentido. Para a maioria das pessoas, o Forex trará rentabilidades negativas, até extinguir o depósito da pessoa em razão dos spreads e da aleatoriedade.
Se você quiser trabalhar com metas, aconselho somente controlar o número de trades bem sucedidos. Mesmo assim, você precisará de um número grande de trades — acima de 300 — para ter alguma segurança de que não foi apenas sorte que te levou para o campo positivo. Procure trabalhar com o mesmo range de pips de stop e take profit (exemplo, 30 pips para cima e para baixo), para não bagunçar suas estatísticas. Ou então abra diferentes classes de trades para poder comparar, mais à frente, qual deles você deveria concentrar seus esforços.

Carteiras recomendadas em abril de 2012

Pela compilação da Infomoney temos nossas duas principais bluechips nos primeiros lugares: VALE5 (15 recomendações) e PETR4 (12). O mercado estava de olho e foi premiado hoje com a crença do crescimento chinês. A Vale subiu 6,35%. Pontos para o mercado. Não só de Petro vive o mercado que aposta no petróleo. A OGXP3 (7) é a quarta ação mais recomendada.
Os bancos continuam nas carteiras: ITUB4 (12), BBDC4 (6) e BBAS3 (4). É preciso ter cautela com o Banco do Brasil. Mantega já provou que pode mexer na política do banco estatal e, se foi bem sucedido da primeira vez, pode realizar novas incursões na gerência.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Quarta-feira decisiva nos campeonatos europeus

No alemão, B. Dortmund (2.50) e B. de Munique, no inglês M. City x West Brom e Wigan x M. United, no espanhol Atlético de Madrid x Real Madrid (1.61), no italiano Juventus x Lazio (+2, 1.80).
A probabilidade do United ser campeão é de 95%, enquanto para o City é 5%. O City joga contra um Bromwich cumprindo tabela, enquanto os red devils encaram um Wigan em luta contra o rebaixamento. Tenho minhas dúvidas quanto à motivação dos times de Manchester. O City parece ter jogado a toalha e o United já tem a taça nas mãos.
No Espanhol, apesar de todos torcerem contra o Real Madrid, para ver o Barcelona encostar e o campeonato pegar fogo, acho que os merengues passam vitoriosos no derby. Hoje ainda o Real Madrid (1.66) é o favorito para levantar o campeonato, diante o Barcelona.
No Italiano, a Juventus é favorita contra a Lazio, mas o jogo será duríssimo e imprevisível. Lembremos que a Juventus (1.72) já é a candidata principal para levar a Serie A.
Por fim, o favoritismo na Alemanha para a taça continua com o Dortmund (1.66), ao invés do Munique, graças aos três pontos de vantagem. Mas tudo pode mudar no jogo de seis pontos de hoje.

Lições de um sacolão de frutas e verduras: simplicidade e eficiência

Ensino, nas aulas de custos, a importância da formação dos preços. Insisto no tema, falo das estratégias e do conhecimento dos dados. Quando se visita um sacolão, a vontade é jogar o material da aula no lixo. É uma aula às avessas, um aprender desaprendendo.
Acabei de voltar de um sacolão perto de minha casa. A simplicidade é impressionante. Não há sacos plásticos transparentes para se por os produtos. Você põe direto na sacola que irá levar pra casa. As sacolas, as mais baratas do mercado, feias porém resistentes, ficam na calçada, na rua, ainda na caixa de papelão em que vieram. Não há dispenser para as sacolas. Como o cliente ensacola os produtos conjuntamente, o empresário economiza o material plástico. Também evita o trabalho de espalhá-las pela loja — deixe que o cliente as busque.
Os produtos não são escolhidos nem selecionados. É tudo arremessado, caoticamente, em balcões brutos. É o cliente que faz a tarefa de escolher e não o empresário. Mais um trabalho evitado. Cobra-se junto à entrada, com uma calculadora de botões grandes, uma balança resistente e uma gaveta pra armazenar o dinheiro vivo.
Por óbvio, os clientes que frequentam o sacolão buscam preço e não qualidade anunciada. Ora, a qualidade das frutas e verduras muitas vezes depende da sabedoria do próprio cliente. O critério de qualidade, portanto, é subjetivo.
Ao praticar um único preço, ninguém precisa pensar nos números, nem o cliente nem o empresário. Claro que em alguns produtos a margem do dono do negócio será bem pequena (por exemplo, pepino japonês e pimentão vermelho), mas não há nenhuma razão, a priori, para o empresário preservar as mesmas margens para os produtos. O que interessa é a rentabilidade final do negócio.
Creio que o empresário analisado não vende produtos com margens negativas, mas até isso poderia fazê-lo, desde que garantisse maior rentabilidade final, advinda de pessoas atraídas por ofertas atípicas e aparentemente irracionais.
Praticando um único preço, a venda é muito mais rápida. A pesagem é feita para todos os produtos conjuntamente, reduzindo o tempo de cobrança. E o cliente agradece, pois tem mais tempo para selecionar corretamente os seus produtos, ao seu gosto.
Por vezes a sofisticação na administração de um negócio dá muito trabalho e é muito custosa. O sacolão é uma aula de eficiência, de como reduzir a administração a níveis mínimos e manter a lucratividade máxima.

terça-feira, 10 de abril de 2012

IPCA de março e os juros futuros

Foi antes da Páscoa. Esperava-se o IPCA de março em torno de 0,40%, mas veio 0,21%. Nos posts anteriores já alertávamos que o ajuste da inflação está sendo mais rápido do que o preconizado pelos modelos. Para perceber, basta andar nas ruas. Os empresários não conseguem repassar preços. Bom, na quinta-feira os juros futuros cederam mais um pouco, 8,73 (ante 8,75 na véspera) para janeiro de 2013, 9,27 (ante 9,37) para janeiro de 2014 e 9,92 (ante 10,03) para janeiro de 2015. As taxas abaixo de 10% vieram pra ficar, como se pode ver.
Hoje, terça-feira, F13(janeiro) fechou em 8,71, F14(janeiro) em 9,15, F15 (janeiro) em 9,83. Ou seja, parte do mercado já aposta em uma Selic em 8,50%. Eu tenho dúvidas. Não sei qual o poder de fogo de Mantega num universo abaixo de 8,75%. Acho que a partir desse ponto a queda é mais complexa politicamente e independe dos humores do ministro.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Neoliberais negam a desindustrialização

O debate da desindustrialização está bombando nesses dias e vale um post, enquanto o governo cede aos lobbies.
Por trás dos números da desindustrialização — a perda da participação da indústria na renda de um país (e consequente ganho do setor de serviços) — há dois movimentos contraditórios. Por um lado, a redução da indústria pode ser um indicador de que o país está evoluindo e se tornando desenvolvido. Em países ricos, é o setor de serviços que se expande, porque o consumo das famílias passa a ser maior nesse setor. Há cem anos atrás aconteceu o mesmo com o setor da agricultura, numa queda gradativa de sua importância. Por outro, a mesma redução da indústria pode esconder a perda de competitividade da mesma.
Os neoliberais não sabem analisar a competitividade da indústria. Interpretam a desindustrialização como um efeito do crescimento econômico recente do país, moldando-se às economias avançadas. O problema dessa interpretação é que não apresenta medidas para melhorar a competitividade das empresas industriais. O laissez-faire, nesse caso, é danoso, porque o resto do mundo toma, sim, um vasto conjunto de medidas para incentivar aumentos de produtividade e exportações da indústria.
De qualquer forma, escolher setores, a dedo, para favorecer, como tem feito o governo Dilma, é uma opção política perigosa. Elege amigos e declara inimigos. Torna-se um balcão de pedintes de terno e gravata. A alternativa seria desvalorizar o câmbio e fim de papo. Mas é preferível encarar industriais chorões a enfrentar massas populares revoltadas com o aumento da inflação.

Carteira da Fator para abril de 2012

Compõem a carteira: PETR4 (17%), ITUB4 (16%), AMBV4 (10%), RENT3 (12%), Telefônica (VIVT4, 11%), TIMP3 (8%), BRFS3 (8%), CPLE6 (7%), VALE5 (6%) e ALLL3 (5%). Acho que a Brasil Foods tem espaço pra crescer e recuperar suas margens de lucro.  O mesmo espaço encontra a Localiza. Tenho dúvidas sobre a permanência da Ambev na carteira, com o governo insinuando que aumentaria os impostos sobre as bebidas. Copel havia saído de muitas carteiras recomendadas, mas permanece na Fator, provavelmente por seus bons múltiplos, mesmo enfrentando resistências para o aumento do preço da ação, o que não aconteceu com pares como a Tractebel ou a CPFL. A Vale tem uma participação reduzida na carteira — apesar no mercado chinês em desaceleração, a empresa tem bons múltiplos. Por fim, a Tim tem comprovado, pelos resultados, que sua base de assinantes continua crescendo em ritmo forte.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Quartas de volta na Champions 2012

Os favoritos cravaram bons resultados nos jogos de ida e estão praticamente classificados. Mas as apostas seguem boas. Barcelona (1.25) irá se impor sobre o Milan e se classificará. O Bayern (1.25) confirma sua superioridade contra o Marselha. O Chelsea (1.61), superior, ganha o jogo contra o Benfica.  E Real Madrid (1.22) ganha com mais de um gol de vantagem do Apoel. A múltipla paga 3.08.