quinta-feira, 26 de julho de 2012

Apostando em viradas

Nas apostas ao vivo é muito interessante apostar na possibilidade de viradas. Elas pagam muito bem. Para ilustrar, tomo como exemplo o jogo Atlético Goianiense e São Paulo, em 24/07/2012. O resultado do jogo, ao final do primeiro tempo, foi de 4 x 1 para o rubro negro de Goiânia. A cotação inicial mostrava ligeiro favoritismo para o tricolor paulista. A probabilidade marginal dos times fazerem gols mudou pouco com o desenvolvimento do placar e continuou refletindo a maior força do time com mais camisa. Mas o que pode ter acontecido para produzir um placar tão dilatado no primeiro tempo? Terá havido uma revolução instantânea na qualidade dos jogadores? Será que os são paulinos estavam sabotando o próprio time, como muitos postularam dias antes em razão do suposto intuito de derrubar um técnico autoritário? Essa última hipótese pode ser facilmente descartada. Com técnico novo e contemporizador, não haveria razão para autossabotagens. Ademais, o time do São Paulo continuava forte e consistente.
Uma análise dos gols do Atlético-GO, no entanto, mostrou que muitos foram fortuitos. Um de pênalti, fruto de um juiz caseiro, dois de bola parada e um último gol feio e atabalhoado. No mais, predomínio do São Paulo, seja na posse de bola, na construção das jogadas ou nas finalizações.
É esperado que, após um gol, as cotações reflitam uma probabilidade diferente dos times fazerem gol. O time que levou um gol tem uma probabilidade menor, reduzida, de fazer um gol. O que time que fez o gol tem uma probabilidade aumentada. Isso é normal, porque reflete o dado de que quem fez o gol está melhor em campo. Além disso muitos técnicos recuam seus times reduzindo a probabilidade de qualquer uma das equipes fazerem gols. A autoestima da equipe que marcou melhora, a pressão diminui e o desempenho é superior.
Tudo isso, acima exposto, é apenas em tese, porque na prática acontecem inúmeras variantes de jogo que contradizem as atualizações das probabilidades. No caso de jogo em tela, as cotações não mensuraram os gols fortuitos do time goiano. Também não avaliaram a importância da vitória para os jogadores são paulinos, em paz com seu técnico novo. E não levaram em conta que um placar tão dilatado logo no primeiro tempo poderia relaxar demais os jogadores da casa, pela margem de erro conquistada segura para conduzir a bola no segundo tempo.
O São Paulo não conseguiu virar o jogo, mas marcou dois gols no segundo tempo, fechando o placar em 4 x 3. A cotação, no intervalo, para o São Paulo +2 pagava 7.0. São Paulo +3, uma aposta relativamente bastante segura, pagava 2.62.

domingo, 22 de julho de 2012

Olimpíadas: de olho nos favoritos

No basquete masculino temos EUA (1.14) e Espanha (5.50) como favoritos, seguidos por azarões como França e Rússia (29.0), Argentina (34.0) e Brasil (41.0). A cotação verde-amarela já foi melhor e tem caído nas últimas semanas, enquanto os americanos e espanhóis estão cada vez melhores. No feminino, EUA é ainda mais favorito (1.083).
No futebol, ainda somos favoritos (2.50), colado na Espanha (3.50), de olho no Uruguai (7.50) e Grã-Bretanha (11.0). No feminino, os favoritos são EUA (3.0), Brasil (4.5) e Japão (6.0).
O Brasil também é favorito no voleibol (2.50), seguido de Polônia (3.25), Rússia (4.0) e Itália (9.0). No feminino, EUA (2.10), Brasil (2.87) e Rússia (4.75).
Maurren Maggi não levará nenhuma medalha provavelmente, é apenas a oitava favorita (21.0). Mas na natação, nos 50m, Cézar Cielo é o favorito (1.61).

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Think tanks brasileiros caros e ruins

Muito interessante o post "A presidência do IPEA e os Departamentos de Economia" do blog do Mansueto. Ele se espanta pela briga política para indicação do presidente do IPEA, de um órgão de apenas R$ 300 milhões de reais por ano cuja maioria das despesas é de folha de pagamento e que o poder de influência é questionável. O autor, no entanto, não estende a discussão. Por esse preço, melhor seria se revíssemos a validade de ter um órgão como o IPEA nos dias de hoje.
Em muitos países, os think tanks são de natureza privada, com recursos obtidos de doações de indivíduos ou empresas que querem pensar e influenciar a política. É interessante ter essas instituições de natureza pública, pelo menos em tese. Mas não a qualquer preço. Antigamente, se não fosse nossas entidades de planejamento, dificilmente teríamos uma boa reflexão sobre as políticas nacionais. Porém, hoje, a academia publica muito, num ritmo maior do que há anos atrás e a maioria das pesquisas e opiniões vem de centros de pesquisa universitários, por meio de publicações em revistas, simpósios, congressos, teses e dissertações. Boa parte desse trabalho é feita por pessoas que se dedicam à pesquisa mesmo sem remuneração e o fazem com grande qualidade, sob os olhares críticos de seus pares.
É importante comparar o IPEA com o NBER — National Bureau of Economic Research. O congênere americano publica ao menos dez vez mais que o brasileiro. Para tal, teve despesas da ordem aproximada de R$ 70 milhões em 2011. E com esse valor conseguiram financiar pesquisas de mais de 1.100 pesquisadores associados.
O Brasil paga caro por suas pesquisas. O abuso não é só no IPEA. O Depec, do Banco Central, tem mais de 200 funcionários e um custo altíssimo. O BNDES também tem sua equipe de pesquisa para estudar a indústria, assim como o Tesouro para estudar a dívida. Mas cada órgão desse, somado ao Planejamento, ao IBGE e à Fazenda, ainda estudam conjuntura econômica e há centenas de pessoas fazendo basicamente a mesma coisa. O custo é fantástico e o resultado é pífio, porque a maior parte dos frutos pode ser obtido de modo mais eficiente e barato no setor privado ou junto às universidades. Precisamos urgentemente racionalizar nossos think tanks.

Selic a 7,0? Melhor título público para agosto 2012.

Hoje, 11 de julho de 2012, é o dia de anúncio de mais um corte na Selic. Escrevo sob grande expectativa, enquanto o anúncio está no forno. O mercado ultrapassou barreiras importantes nos dois últimos dias que não podem deixar de serem notadas, independente das decisões do Copom. Há tempos aguardávamos o mercado se decidir se a Selic poderia ir abaixo de 7,5%. E os investidores decidiram que este não é mais o piso. O título de julho de 2013 passou a ser precificado em 7,35%. Mesmo janeiro de 2013 ficou abaixo, em 7,47. Janeiro de 2017 cravou 9,03, rebaixando em definitivo a curva futura de juros para um novo piso.
O PIB segue insosso e o discurso do governo se repete a exaustão, de que usará todas as medidas possíveis e cabíveis para fomentar a economia. Nessa toada, é natural que a pressão para o Bacen cada vez menos independente seja para queda da taxa de juros.
Se o mercado aceitou quebrar a barreira dos 7,5%, também dificilmente obstará reduções para 7,25% e 7%, a não ser que haja surpresas desagradáveis no campo inflacionário.
Com a curva de juros futuros deitando fortemente, a melhor escolha especulativa, ao menos até o fim dos cortes e para quem acha que vai abaixo de 7,5% e que a inflação está sob controle, é da NTN-F de 01/01/2023.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Diversifique suas moedas

Quando você trabalha com ações, há um custo muitas vezes significativo de diversificar suas aplicações, o custo de transação. Um jovem aplicador que tenha R$ 20.000,00 aplicados em cinco papéis diferentes e que uma vez por mês mude um dos papéis, pagando R$ 20,00 por operação, terá gasto ao final do ano R$ 480,00 em transações (2,4% de seu capital). Isso traz hábitos ruins, como de evitar diversificar e atualizar o portfólio.
Em forex, não existe custo de diversificação e isso muitas vezes é esquecido pelos investidores. O custo de aplicar em um ou em dez pares de moeda em simultâneo é exatamente o mesmo, porque você paga uma proporção (spread) do negócio. Se você tem o hábito de investir todos seus recursos em um único par, repense sua estratégia. Confesso que, contraintuitivamente, pode ser relativamente confortável estar comprometido em um único par, porque na cabeça do investidor ele pode estar maximizando seus ganhos — ele escolhe o par que em sua opinião tem maiores chances de lhe dar lucro, ao invés de diversificar em pares que tem dúvida do caminho que irão seguir. Ademais, o investidor pode argumentar que a maioria dos pares estão correlacionados e de que não adiantaria diversificar. Mas é por isso mesmo que a melhor opção é diversificar. As correlações entre os pares mudam ao longo do tempo. Talvez você consiga prever os movimentos globais das moedas, mas não consegue acompanhar suas idiossincrasias, as pequenas surpresas de cada dia que afastam ou atraem as moedas umas as outras. A diversificação entre os pares contribui para evitar que os ruídos das economias nacionais afetem em demasiado suas escolhas e suas estratégias.
O ruído tem natureza aleatória e é justamente a aleatoriedade que destrói os lucros dos investidores em forex. O objetivo é reduzir a aleatoriedade e, para isso, a diversificação é um bom negócio, pois ainda que um dos pares tenha sido alvo de um choque aleatório, os outros seguirão as tendências que você previu. Quanto menos aleatória for a sua conta bancária, provavelmente melhor serão seus resultados. Afinal, são poucos os traders que lidam bem com a volatilidade de seus recursos. O certo é evitá-la e diminuir os riscos de perder o dinheiro e a cabeça. 

Apostar por lazer ou pra ganhar dinheiro?

Essa é uma dúvida que todo apostador esportivo tem. Por um lado, os fatos tendem a mostrar para o apostador que ser lucrativo dá muito trabalho: muitas horas em frente da televisão, leituras sem fim de jornais, revistas e sites esportivos, cálculos complexos de odds, esforços para simulações de estratégias e estimativas de lucro passado, ansiedade, nervosismo, risco de perder a cabeça e a conta bancária, para conseguir, quando muito, em boas fases, poucos pontos percentuais de lucro. Por outro lado, o universo das apostas é tão empolgante e envolvente que o lazer e o prazer justificam o esforço de ganhos pequenos.
Na verdade são as duas coisas juntas. Apostar por puro lazer não existe, porque o que motiva os apostadores é justamente o ganho pecuniário e não somente a prova para alguém ou para si mesmo de que pode fazer bons prognósticos. A prova maior a ser cumprida é de que o apostador é lucrativo. Mas o lucro é pequeno e incerto, não é o ganha pão de ninguém, e por isso a aposta não deixa de ser uma diversão.
Nenhum dos dois lados pode ser ignorado. O apostador que só aposta por diversão tende a se sentir diminuído, fraco e medroso. O apostador que só aposta por lucro se estressa, se cansa e se desespera por não poder ter mais tempo para fazer todos os estudos que pretende e, cedo ou tarde, conclui que há outros negócios melhores para se fazer.
Por isso a cabeça do apostador é bipolar: aposta para ganhar dinheiro e para se divertir. Em síntese, é para ganhar dinheiro se divertindo, que é o sonho de todo homem.

Franquia dá lucro?

O modelo de franquias se expandiu nos Estados Unidos, a partir dos anos 30, principalmente no ramo alimentício. Embora as principais franquias do mundo sejam norte-americanas (Subway, McDonald´s e 7-Eleven), por incrível que pareça é o Brasil que detém o maior número de empresas franqueadoras. Em muitos países o esquema das franquias não se desenvolveu, mas no Brasil prosperou por conta de um aparato regulatório iniciado na Lei nº 8.955, de 15 de dezembro de 1994, que dispõe sobre o contrato de franquia empresarial (franchising). O Brasil é líder na área por conta dos custos jurídicos e contratuais relativamente baixos de apresentar uma franquia para o mercado.
Em geral, quando o modelo dá certo, existe uma correta distribuição das responsabilidades entre franqueador e franqueado. Os negócios bem sucedidos acham o bom equilíbrio. Portanto, é fundamental ter certeza de que o sistema proposto pelo franqueador é realmente lucrativo.
No Brasil, infelizmente, muitas franquias são armadilhas para o franqueador ganhar dinheiro às custas do franqueado. Se o negócio dá certo, diz-se que os méritos são do franqueador. Quando dá errado, porém, a culpa é toda atribuída à inexperiência ou à má administração do franqueado.
Pelo menos em tese o franqueador só deveria ganhar dinheiro e lucrar quando o franqueado assim o fizesse. Mas essa não é a prática do nosso mercado. Na maioria das vezes o franqueador obriga o franqueado a pagar valores altos para montar o negócio e o lucro do franqueador aparece logo de início, ao impor regras abusivas, taxas diversas, padrões que precisam ser seguidos, normas que custam caro e contratações obrigatórias com indicações do franqueador. Nesses casos, às vezes o franqueador nem se importa com os lucros na fase de operações, tamanho seus ganhos nas fases iniciais — isso pode atrair franqueados inexperientes, por se tratar de uma franquia barata de operar.
Em princípio um bom contrato de franquia deveria estabelecer o interesse mútuo do negócio prosperar. Mas como muitos franqueadores ganham dinheiro explorando o franqueado, os contratos costumam ser falhos, dando brechas para lucratividade de um em detrimento dos ganhos do outro. Por isso, tome cuidado com as franquias. Pesquise muito antes de estabelecer o negócio, entrevistando franqueados, consultando escritórios de advocacia, refletindo as vantagens de participar da franquia ao invés de ser independente e mensurando todos os custos que terá a mais na operação por ser um franqueado.
Afinal, franquia dá lucro? Sim, pode dar certo, mas escute com um ouvido muito crítico as promessas dos franqueadores.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Melhor carteira recomendada para julho de 2012

O Jornal Valor Econômico divulgou a carteira recomendada de nove corretoras para o mês de julho de 2012. Qual será a melhor delas? É quase impossível dizer, porque são muito parecidas. Mas há aquelas mais conservadoras e outras mais arrojadas, mais fundamentalistas ou mais técnicas.
Sempre tenho simpatia pelas carteiras da Ativa, geralmente pouco especulativas. Para julho, veio defensiva, com VALE5, ITUB4, AMBV4, CPLE6 e CCRO3. Semelhante foi a sugestão da Geração futuro: VALE5, ITUB4, CPLE6, GUAR3 e POMO4, uma carteira com um pouco mais de tempero. É difícil saber se a Marcopolo ainda tem fôlego para continuar subindo (32,4% em 2012) — o P/L de 12,2 indica que sim. A Guararapes é uma aposta, pois não bombou como suas concorrentes e pode ser a bola da vez.
Há semelhanças, também, na carteira da Citi (VALE5, MRVE3, TIMP3, MDIA3, CCRO3) e da Octo (VALE5, MRVE3, BBDC4, CMIG4, BRML3). As construtoras não conseguirão reviver a fase áurea, mesmo assim a MRV tem múltiplos muito atrativos perto de seus pares. Em números, é similar a PDG Realty, presente na sugestão da Planner (TIMP3, PCAR4, CMIG4, VALE5 e PDGR3). A Tim continua em destaque pelos planos de expansão bem sucedidos. Cemig é, como sempre, uma boa escolha defensiva. Os múltiplos do Itaú e do Bradesco são muito parecidos, mas as ações do Itaú são mais voláteis. Ambas continuam sob o risco de intervenção governamental no mercado de produtos bancários.
Pão de Açúcar também está presente na carteira da Santander (GGBR4, PCAR4, KROT11, CCRO3 e MULT3) e na SLW (PCAR4, ELPL4, DASA3, PMAM3, GETI4). É uma ação do tipo promessa irracional, que não deslanchou mas que não está barata. Sugerir Eletropaulo, as vésperas da revisão tarifária (que reduziu 10% o valor da ação), foi no mínimo uma decisão imprudente, piorada ao colocar junto na carteira a AES Tietê, do mesmo grupo. Se isso não bastasse, a SLW decidiu apelar para o heroísmo e tentar ressuscitar a Paranapanema. A carteira da Santander chama a atenção pela presença de Kroton e Multiplus, que só se justificam por análise técnica, pois já estão com múltiplos caros e há risco de realização de lucros dos investidores. Também é a única corretora que sugere Gerdau ao invés de Vale, talvez pelo desempenho gráfico em 2012.
No lado das corretoras prudentes, está a Souza Barros, com AMBV4, CCRO3, CMIG4, ODPV3 e CRUZ3. Souza Cruz não é uma recomendação popular, mas seu desempenho na bolsa tem sido impecável nos últimos anos. Situação parecida é a da Odontoprev. Não são ações baratas, mas devem segurar seus preços tranquilamente durante o mês. O interessante dessa carteira é o baixo risco de intervenção governamental nos negócios e de dependência externa. Não há commodities, bancos ou construtoras.
Como sempre, a carteira mais esquisita é da XP (UGPA3, BRFS3, SULA11, CSMG3, OHLB3). A sugestão da OHL é interessante, porque custa metade do preço (nos múltiplos) de sua concorrente popular CCR. Sul América é uma aposta arriscada, porque a competição no setor não dá tréguas. Ultrapar está num setor delicado, sob os olhos do governo. E a Brasil Foods, em certo grau dependente do mercado externo, não está em um bom momento.
Enfim, me parecem responsáveis e maduras as carteiras da Ativa e da Souza Barros.