quinta-feira, 31 de maio de 2012

Copom em consenso: 8,5%

A reunião de ontem do Copom terminou sem surpresas. A taxa de juros baixou para 8,5%, o texto do comunicado anterior foi mantido e os analistas acham que haverá uma nova redução, no encontro de julho, na mesma magnitude. Nesse caminho previsível, pode ser um bom negócio manter em carteira títulos públicos de longo prazo, como a NTN-B Principal com vencimento em 2035. Pelo menos para aproveitar a queda quase certa de julho.
Os juros de janeiro de 2013 estavam testando, semana passada, o patamar de 7,75%. Essa semana, testaram o piso de 8,0%.  É preciso ficar de olho no câmbio e na produção industrial. Se ambas variáveis subirem, a inflação responderá rapidamente e enfraquecerá a defesa de um juros abaixo de 8%. Minha opinião não mudou: aumento de preço é uma escolha política péssima. Por mais que Dilma ame o crescimento, os argumentos de seus assessores técnicos devem prevalecer.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ecologia e a salvação pelo mercado

Sexta-feira passada André Lara Resende escreveu sobre os limites do desenvolvimento. E admitiu que surpreendeu seus colegas economistas com o tema, pois pode parecer neo-malthusianismo requentado.
Ora, nem 8 nem 80. O maior problema da ecologia é que justamente não prejudica, no curto prazo, os seres humanos. O planeta segue produzindo porque a maioria das respostas para os percalços ecológicos nascem de soluções de mercado.
É óbvio que é impossível replicar o padrão de consumo dos países ricos globo afora. Ninguém disse que isso seria possível. Talvez as mentes ingênuas ricas olhem para um indiano miserável e queiram acreditar que em poucas décadas ele viverá como um nova iorquino. Os recursos sempre foram escassos. A única coisa que irá acontecer é que eles se tornarão ainda mais escassos. E nessa escassez crescente quem ficou de fora da gastança continuará excluído.
A vida das pessoas não ficará um inferno porque o clima irá mudar. Dificuldades existirão nos piores cenários, mas num nível semelhante às crises de hoje em dia, motivadas por bancos fraudulentos ou governos deficitários.
Coordenar esforços multilaterais de prevenção à mudança climática é extremamente difícil de se fazer num mundo com 200 países e tantos interesses divergentes. Às vezes essa dificuldade é subestimada, o que é algo muito ruim, pois passa a impressão que a resposta global é fácil de ser dada em pouco tempo. A verdade, dura e inaceitável para os ecologistas, é que não haverá resposta global.
Voluntariamente, as pessoas não deixarão seus carros em casa para de ir de bicicleta para o trabalho, nem optarão por não aquecer suas residências. Incentivos no campo ético e com respostas difusas no longo prazo têm resposta ruim em nossas ações. A causa ecológica é o típico motivador que deixamos para o amanhã, principalmente se estiver chovendo e frio hoje. Se estamos num clima muito quente, queremos um ar-condicionado agora e prometemos corrigir nossas vidas no amanhã.
O incentivo mais completo e eficiente é o financeiro. Hoje o preço dos combustíveis já dita quem pode ou não andar de carro. Quem vive na riqueza não sabe disso, mas quem precisa pegar um ônibus lotado ou involuntariamente ir de bicicleta ou a pé para o trabalho sabe muito bem. Se alguém economiza combustível em um país rico, alguém usa essa energia em um país pobre.
A regulamentação internacional funcionando não virá. Alguns países, como já ocorre hoje, impõe regulação ambiental. Quem não impõe acaba se beneficiando de preços mais baratos.
A saída para o imbróglio ambiental é necessariamente de mercado. Lâmpadas eficientes mais baratas, carro elétrico, energia renovável. Se um dos países muito poluidores avançassem na regulamentação desses produtos

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ativa x Concórdia para 21 a 25 de maio

A Ativa optou novamente por uma carteira defensiva para a semana: CPLE6, BVMF3, AMBV4, TOTS3 e TIMP3. É estranho a presença da Totus, uma presença já muito valorizada. Talvez os analistas antecipem alguma boa notícia para o papel. Também chama a atenção a BM&FBovespa, em pleno cenário baixista de nossos índices.
A Concórdia publica três carteiras. Na dividendos, BBAS3, TRPL4, AMBV4, GOAU4 e CESP6. Na Ibovespa, LREN3, ITUB4, GGBR4, PETR4 e VALE3. E na valor, POMO4, DTEX3, ALLL3, RAPT4 e HGTX3. Muitas ações fora de moda, ao meu ver, saudosistas dos anos passados. São carteiras sem criatividade, mas com fortes riscos. O peso da influência dos commodities é forte, mas sendo uma carteira semanal em dias de pessimismo parece questionável. A presença dos bancos, mesmo perante a cruzada de Dilma, é sorrateiramente curiosa. E a força da composição com ações do varejo, numa economia tão sem resposta como a de hoje, parece um desatino.
A carteira da Ativa parece mais madura.

Vendas do Tesouro Direto em abril de 2012

Sexta-feira a STN divulgou o resultado do Tesouro Direto. Não há novidades. A venda de títulos atrelados ao IPCA continua predominando, com 64,2% (em fevereiro era de 65,6%). E continua forte a preferência por títulos com prazos maiores de 5 anos, 56,8%, no mesmo patamar dos meses anteriores.
Títulos mais longos significam maior exposição ao risco. O título mais seguro, a LFT, não encanta o mercado. Isso significa que boa parte dos investidores do Tesouro Direto não buscam segurança, mas risco/rentabilidade. Não sei até que ponto eles realmente sabem o risco que estão correndo. Boa parte sabe, sem dúvida. As recompras são utilizadas por eles, que mudam suas carteiras conforme a conjuntura. Muitos não são investidores que casarão com esses ativos de longo prazo, parece. O volume de recompras correspondeu a 37,1% do volume de vendas.
De qualquer forma, cumpre adiantar que há pouco espaço para rentabilidades extraordinárias como a de 45,1% nos últimos 12 meses, da NTN-B Principal com vencimento em 15/05/2035. Os títulos de curto prazo já estão trabalhando com uma taxa de juros no patamar de 8,25% (LTN 010114, a 8,30% a.a.).
Quem quer especular com os títulos de longo prazo a dica é não perder de vista nossos dados internos. Inflação, para justificar maiores juros, já possuímos. Só falta nossos indicadores de produtividade industrial reagirem.

Juros e os cenários externo e interno

O  mercado testa o piso de 7,75 para os juros de janeiro de 2013, empurrado conjuntamente pelos cenários externo e interno. Semana passada esses dois agentes estiveram em sintonia, mas nada garante que continue assim nas próximas semanas. A volatilidade vinda dos mercados europeus só tende a aumentar à medida que os impasses políticos da zona do Euro ficam escancarados. E a recuperação brasileira, de vontade endógena, demora a chegar.
Mantega afirma, com recorrência, que temos mais ferramentas do que os países ricos. Em verdade, temos menor pressão fiscal, mas maior pressão inflacionária. São características de nossa economia, hoje. Sabendo dos riscos de uma estagflação no Brasil, é preciso cautela para apostar na tendência baixista dos juros, mesmo com cenários pessimistas no front externo e na produção interna.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ativa x XP x Gradual na carteira semanal

As corretoras levaram um olé do mercado essa semana. Todas retiraram PETR4 das sugestões e hoje a ação bombou com resultados muito acima do esperado. De qualquer forma acertaram no caráter defensivo das carteiras, centradas no desempenho do mercado interno. A XP sugeriu VIVT4, CPFL3, AMBV4, CTIP3 e UGPA3, uma carteira bem equilibrada. A Ativa AMBV4, LAME4, CPLE6, BVMF3 e BRML3, acertando muito bem nas Lojas Americanas, até agora. A carteira semanal da Gradual, sempre muito grande, veio de OIBR4, OHLB3, VALE5, BBAS3, ELPL4, TRPL4, CPLE6, SLED4, ITSA4, ETER3 e PSSA3. Parece ser uma carteira desatualizada e sem nexo com a conjuntura semanal.

Euro derretendo

Enfim, agora é pra valer. Se antes a saída da Grécia era a típica aposta de cara ou coroa, 50/50, agora o cenário é outro. Quando o próprio presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, admite a possibilidade da Grécia cair fora, para preservar a integridade do balanço contábil, quer dizer que a queda de braço política torceu o braço grego. Não parece em nada com uma ameaça, mas com um aviso de novos tempos e arranjos políticos frescos e inovadores.
A saída da Grécia ficou mais fácil de implementar do que sua permanência, ainda mais emergindo partidos marginais que por certo não apoiarão mais austeridade. Conhece-se, em algum grau, o preço da saída da Grécia, mas não se sabe o preço da continuidade de uma política econômica insana e desequilibrada.
Temos um mês até as eleições gregas, em 17 de junho. É o teste de fogo do euro, agora em 1.2717. É difícil imaginar qualquer ação que recupere a credibilidade da moeda europeia nesse próximo mês. Além disso, cedo ou tarde a paella vai estragar de vez e causar indigestão nos mercados. A Espanha tem se aproveitado do bode expiatório grego. Notícias positivas, no campo europeu, nos próximos meses, são pausas pro descanso da descida do morro EUR/USD.

terça-feira, 15 de maio de 2012

A influência dos modelos econômicos na análise política

Lee Sigelman e Robert Goldfarb, em artigo para o Journal of Economic Methodology, buscam analisar por meio de quais ferramentas a ciência econômica tornou-se tão influente na análise política. Sugerem que o caminho da influência se deu pela força das técnicas derivadas do modelo de escolhas racionais.
Até o final do século XX, argumentava-se que esse tipo de análise só valia para os norte-americanos, supostamente mais individualistas e utilitários que outros povos. Hoje em dia a análise se estendeu para todas as democracias. No Brasil demorou para se estabelecer, porém ninguém mais duvida de seu poder analítico.
O sucesso do modelo de escolhas racionais se deu, também, pela ausência de outros modelos. Com o fim de grande parte das experiências de socialismo real o horizonte encurtou. A político passou a se ocupar de assuntos do dia-a-dia, ao mesmo tempo em que os eleitores se educaram e se prepararam para as eleições democráticas. A história caminhou para um contexto em que tal modelo se tornou muito bom para prever resultados e orientar candidatos em suas campanhas. Os políticos podem ser construídos sob medida para atender classes e grupos de opinião.
Goste ou repudie, o modelo veio pra ficar. Ajuda a política e presta grandes contribuições à ciência. Por força das pesquisas de opinião, para subsidiar escolhas de campanha, temos conhecido um Brasil de brasileiros que não tinha sido captado pelos tradicionais ensaios acadêmicos, em geral de cunho marxista. Um país de valores conservadores mas que gosta de um Estado amplo e atuante. Um retrato jamais captado por intelectuais, porque enfurnados em seus escritórios não sabiam e não levavam a sério as opiniões do povão.

domingo, 13 de maio de 2012

Quem vencerá a Libertadores 2012?

O Sportingbet está com cotações abertas para o vencedor da Libertadores: Corínthians (4.70), Fluminense (4.70), Santos (4.70), Boca Juniors (6.00), Universidad de Chile (6.50), Vasco (11.00), Velez (11.00) e Libertad (17.00). Na minha opinião, as cotações estão muito espalhadas, distantes umas das outras. Os times são mais equilibrados na prática do mata-mata. Difícil crer que o Libertad tem quase 1/4 das chances do Fluminense, por exemplo. O mesmo vale para o Vasco, que é apenas ligeiramente inferior aos considerados favoritos. Estranha ainda mais se pensarmos que o time paraguaio joga contra o time chileno e um deles vai para as semi-finais com certeza.

sábado, 12 de maio de 2012

Ação ou aventura no forex?

Busque ação, evite aventura, poderíamos dizer. Não adianta investir num par de moedas sem ação. Por ação entendemos um mercado ativo, com grande volume movimentado e respostas claras a novos indicadores, pronunciamentos e fatos políticos. O mercado morno, onde não está ocorrendo a ação dos investidores, é ruim de trabalhar, porque as trajetórias de preços são mais arbitrárias. A arbitrariedade é péssima para o trader, pois cobra spreads e impõe jogo de loteria e não de inteligência. As apostas viram bingo, como se diz, uma aventura que se traduz em prejuízos no longo prazo.
A ação, no mês de maio, está em EUR/USD (25% das posições de traders) e AUD/USD (11,4%). São os pares que melhor respondem às andanças da crise europeia e mundial. A balança dos traders pende a favor da recuperação da economia e do preço das commodities. Difícil saber até que ponto o novo cenário europeu esquerdista já foi precificado.

Carteira da Coinvalores para maio de 2012

A carteira da Coinvalores é sempre muito interessante por conter uma gama muito ampla de ativos. São 17 ativos. Vejamos.
O peso maior, de 10%, vai para VALE5 e PETR4, o que aproxima a carteira com tantas ações ao Ibovespa.  Relacionadas aos combustíveis e minerais, sugere também GGBR4, UGPA3 e CSAN3. No setor de bancos, entre muitas dúvidas, mantiveram ITUB4. Construtoras, há EZTC3 e JHSF3, sem surpresas. Para explorar a força do mercado interno, RADL3, ODPV3, MPLU3 e BRML3. CMIG4 foi a única escolha do setor de energia. OHLB3 é novidade na carteira e, embora possa ter aproveitado os bons resultados divulgados na sexta, há dúvidas sobre o que pode acontecer com a mudança dos controladores. Para aproveitar um possível avanço nos investimentos de infra-estrutura, MYPK3 e CSMG3.
Saíram da carteira BRFS3, CIEL3, JSLG3 e CPFE3. Parece que a carteira fica menos defensiva, apostando na recuperação global da bolsa. O que é questionável nessa data.

Vídeo locadora dá lucro?

Escuto de muitos amigos que o pior negócio do mundo para se abrir hoje em dia é a vídeo-locadora. A morte das locadoras tem sido prevista há anos, principalmente por conta da pirataria. No entanto, muitas ainda sobrevivem e bradam por lucros. Por certo, aproveitam nichos de mercado que se formaram na última década e que provavelmente sobreviverão nos próximos anos sem dissolução.
Quem aluga filmes hoje em dia? Como são formados os nichos? Aluga filmes quem não os baixa na internet e não os compra em camelôs. Basicamente, o público consumidor é formado por pessoas que não dominam as novas tecnologias digitais, seja por preguiça ou dificuldade de aprendê-las (idosos e pessoas de baixo nível educacional, por exemplo), que buscam filmes difíceis de achar no mercado pirata (filmes de arte ou nacionais), ou que se recusam a piratear. O tamanho desses nichos, no entanto, diminuem ao longo do tempo, tornando a vídeo-locadora um mau negócio. Por que as pessoas ainda assim abrem vídeo-locadoras?
Muitos empresários se deixam seduzir pelos atrativos do empreendimento a tal ponto que são cegados pelas más perspectivas do setor. Isso pode acontecer com todos nós, nas mais diversas áreas. Baixo capital inicial, inexigência de experiência prévia no segmento e possibilidade de trabalhar com o que gosta (poder assistir filmes o dia inteiro, e.g.) encantam qualquer um — mas não a ponto de compensar as adversidades reais enfrentadas.
É imprescindível pensar nos caminhos de longo prazo que um negócio pode percorrer. Se as perspectivas não forem boas, a solução é mudar de área, mesmo se for algo doloroso de efetuar no curto prazo. É preciso tomar cuidado com o discurso de que "é importante fazer o que gosta". O prazer de montar um negócio relacionado com seus hobbies e interesses pode sumir rapidamente e o que fica é o gerenciamento de uma empresa como qualquer outra. Talvez seja melhor separar as coisas, como dizem, e dedicar-se à empresa independentemente de seu apego com o setor ou com os objetos. Por último, a inexigência de experiência só tende a piorar a lucratividade da empreitada, tendo em vista que sempre haverá muitos concorrentes, o que força as margens de lucro pra baixo. Pode ser preferível pagar o preço do aprendizado em um setor que exige experiência para encontrar uma posição de mercado confortável após alguns anos.

Quem será o campeão brasileiro de 2012?

As bolsas de apostas (ao menos Sportingbet, Bwin e Betfair) já lançaram suas cotações e probabilidades iniciais para o campeão brasileiro de 2012. Poucas apostas foram feitas e as linhas ainda não se mexeram. Cinco times aparecem como favoritos (em ordem decrescente): Corínthians, São Paulo, Fluminense, Santos e Internacional. São times com probabilidade de serem campeões de 8% a 11% cada.
Com probabilidades menores, em torno de 6% a 8%, mas ainda significativas, seguem, em ordem decrescente, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Vasco e Botafogo. Um pouco mais abaixo, com 4%, Cruzeiro e Atlético MG. Cinco times tem probabilidade de serem campeões próximas ou menores de 1%, a saber, Náutico, Atlético GO, Bahia, Sport e Ponte Preta. Com 2% de chances encontram-se Portuguesa, Figueirense e Coritiba.
É difícil acreditar nos azarões. Com muito dinheiro nos clubes grandes, os times pequenos precisam de equipes sólidas e bem formadas. Nenhuma equipe demonstrou assim ser, nos estaduais. Tampouco é razoável crer no sucesso dos mineiros, com equipes de qualidade duvidosa e de plantel insuficiente. Eu também não apostaria no segundo escalão de favoritos: o time do Grêmio é medíocre, o Flamengo entrará questionado, o Palmeiras tem um quadro apenas mediano, assim como o Botafogo. Talvez o Vasco surpreenda, mas nada que justifique cotações de time grande.
Ficamos, portanto, somente com os favoritos. Uma aposta compartilhada entre esses, antes do apito inicial, é capaz de trazer bons lucros. Retirando o Inter da lista, o lucro potencial aumenta. A equipe gaúcha tem jogadores com nomes e currículos, mas não consegue convencer em campo. Relativamente consistentes, Corínthians, São Paulo, Fluminense e Santos devem tomar a liderança.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Muitas emoções nos juros futuros: a surpresa da inflação

Produção em baixa e inflação em alta. Não tínhamos saudades da estagflação, mas ela voltou a se apresentar à casa dos economistas, ainda que tímida. Mantega falou da posição confortável do Brasil, da diferença entre nós e eles (os desenvolvidos). Mas nada comentou sobre nossas especificidades perversas, silenciando sobre nossa inércia inflacionária, indexação e repasse rápido de preços.
De qualquer forma, o IPCA alto produziu uma elevação de apenas 0,2 p.p., trazendo o juros de janeiro de 2013 de 7,99 para 8,01. Maiores impactos nos contratos longos , janeiro de 2014, de 8,42 para 8,51, e janeiro de 2015, de 9,03 para 9,15.
A dúvida, daqui pra frente, é a respeito de nosso câmbio, qual o impacto na inflação de um real depreciado. Se o intervencionismo de esquerda se acirrar, influenciado por ventos austrais, é bem possível que a trajetória do real se firme na tendência a depreciação. Esperemos pra ver se ocorre esse cenário pouco provável, em minha opinião, mas ainda possível, pois Dilma tem demonstrado não ter medo de correr riscos. No cenário mais radical, o piso de 8% ruiria.
O difícil é acreditar em caminho oposto, na força do Banco Central em conseguir impor juros maiores para conter os preços. Claro que o maior crescimento é ótimo politicamente, mas pode ser melhor um pássaro na mão do que dois voando. Nesse caso, crescimento pequeno com a inflação sob controle é quase certo que reconduzirá a mãezona ao palácio. Enfim, Dilma carece de bons assessores político-econômicos.

sábado, 5 de maio de 2012

Finais dos Estaduais

Ótima notícia para os apostadores brasileiros. As bolsas de apostas abriram nada mais nada menos do que nove finais estaduais. Há cinco clássicos, de prognóstico muito difícil de acertar. Mas pode-se optar por Avaí (2.50) x Figueirense, pelo efeito maior do jogo em casa cheia na Ressacada, talvez não medido. Santa Cruz (2.70) x Sport no Arruda, pelo mesmo motivo, assim como Atlético Paranaense (2.40) x Coritiba no Dorival de Brito, e Vitória (2.37) x Bahia, no Barradão.
Difícil palpitar sobre Atlético Goianiense (2.30) x Goiás, no Serra Dourada, pois a leve vantagem do rubro-negro já está contabilizada. Dificuldade semelhante é a aposta no Fluminense (2.45) x Botafogo, no Engenhão, em princípio, um campo neutro — nesse caso, também, a vantagem parece estar precificada.
Parece mais simples apostar nos favoritos no gaúcho, Caxias x Internacional (2.0), no mineiro, America x Atlético (2.0) e no paulista, Guarani x Santos (1.57). Nesses três casos, o time local não se favorece tanto do efeito casa, principalmente porque os juízes passam a ser mais sensíveis as pressões dos times grandes.
Apostar duplas, com cotações acima de 2.0, e com diversificação, pode ser lucrativo.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A escola de economia da Unicamp está decadente?

Em coluna no jornal Valor econômico, em 29/02/2012, nosso renomado desenvolvimentista José Luís Fiori afirma que a escola campineira perdeu sua capacidade de inovação e criação. Soe estranho um colega de esquerda tecer tais críticas. Mas também soa honesto e enriquecedor. Fiori fala que a escola foi, no passado, "capaz de renovar as ideias e as interpretações clássicas (marxistas e nacionalistas) do desenvolvimento capitalista brasileiro" e responsável por uma "reinterpretação do caminho específico e tardio do capitalismo brasileiro e dos seus ciclos econômicos". O auge ficou nos anos 80 e, a partir dos anos 90, diz o professor, "dedicou-se cada vez mais ao estudo de políticas setoriais e específicas, e para a formação cada vez mais rigorosa de economistas heterodoxos, e de quadros de governo". Fiori escreve, ainda, que as boas ideias de antigamente se transformaram em fórmulas escolásticas, e que ao invés de ampliar o horizonte utópico converteu-se em uma ideologia tecnocrática incapaz de mobilização social.
A provocação do ensaio é ótima, mas a qualidade de seus argumentos não é. Ora, ao menos dois processos observados, o estreitamento do campo das possibilidades e o enfraquecimento das utopias, por um lado, e a dificuldade de mobilização social, por outro, são globais e afetam a todos. Não se trata de algo que mesmo os prepotentes líderes da escola campineira pudessem arquitetar uma superação. Em outras palavras, são problemas que todos enfrentam, de sindicatos a universidades, de partidos políticos a associações de bairro. Numa democracia fria, a capacidade da escola campineira empolgar, aquecer e mobilizar declinou, sem dúvidas. Boas ideias continuam a nascer por lá, em grande parte porque ainda atrai os melhores alunos do país alinhados com a esquerda econômica. Mas uma ideia, por mais revolucionária, inovadora e criativa, não ecoa hoje como há 40 anos atrás.
Quanto à dedicação à formação de economistas heterodoxos, trata-se de uma virtude e não de um defeito. Ora, as funções primordiais da universidade são o ensino e a pesquisa. Que bom saber que levam a sério seus alunos, aulas e pesquisas científicas (das quais decorrem o estudo de políticas setoriais e específicas). A escola seria decadente se estivesse presa à luta política morna de hoje em dia e fosse negligente com a qualidade das suas pesquisas e da formação de seus estudantes. Na Unicamp, são justamente os líderes de ontem, os piores professores de hoje, porque não sabem lidar de forma adequada com o ensino e pesquisa.
Sem dúvida, existe algum grau de tecnocracia. Mas num grau muito menor do que nas escolas ortodoxas — essas sim, profundamente tecnocráticas, porque não dão margem para uma compreensão histórico-estrutural da economia e possuem uma modelagem dura dos indivíduos e da sociedade, que nem sempre é boa para pensar a prática.
Ademais, na Unicamp, não somente um modelo é usado. São várias correntes que são exploradas e aprofundadas. É raro observar tal mistura, criativa e enriquecedora, em qualquer outra escola de economia do mundo. Kaleckianos, schumpeterianos, pós-keynesianos, keynesianos, estruturalistas, desenvolvimentistas, institucionalistas e marxistas convivem e trocam ideias. Difícil imaginar ambiente mais propício à formação de algo novo. O avanço é lento, no entanto, porque a formação desses quadros e a maturação intelectual demora. A produtividade é menor, porque a massa crítica, quando se tem tantas correntes, é pequena. Mas esses são custos de se estar na fronteira do conhecimento heterodoxo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Final da Champions

Bayern (1.72) ou Chelsea (5.00)? Os ingleses surpreenderam e as cotações a favor do Barcelona estiveram muito otimistas da passagem do catalão. O time do Chelsea estará desfalcado, sem Ramires, Ivanovic, Meireles e Terry. Os desfalques do Bayern são menos importantes: Alaba, Badstuber e Luiz Gustavo. Mas o time do Bayern é esquisito. Nem sempre parece funcionar. Diferente do Chelsea, que está em harmonia. É provável que os times ataquem e se segurem após o primeiro gol. Pelo heroísmo, vou torcer para o Chelsea e apostarei nos azuis para me divertir. Vejamos se as cotações mudam até o dia 19 de maio.

Recomendações da Rico Corretora para maio de 2012

A Rico Corretora é bastante popular e em 2012 tem andado bem na carteira de dividendos (17,1% contra 8,9% da Bovespa). Para maio sugerem oito papéis: cinco elétricas (GETI3, CIMG3, TBLE3, COCE5, CESP6), além de BBAS3, MPLU3 e GRND3 (Grendene). A empresa retirou a Eletropaulo da carteira por conta da revisão das tarifas da Aneel. Não entendo porque manteve BBAS3, mesmo observando o péssimo desempenho em abril (-9,1%) e não tendo nenhuma garantia que haverá ingerência governamental na administração do banco. A manutenção da Multiplus se justifica, porque ainda é muito querida pelo mercado. Grendene é uma empresa com bons indicadores e bom pagamento de dividendos.

Selic abaixo de 8% é possível?

É sabido que a poupança limita baixas ulteriores da Selic. As taxas de juros futuras sofreram forte queda hoje, quarta-feira, com a perspectiva da presidente Dilma discutir com a base governista mudanças na fórmula de remuneração da poupança. . É difícil imaginar notícia mais impactante — somente a baixa da poupança de fato assim seria. O contrato de janeiro de 2013 caiu 0,14 p.p., para 8,15, e o de janeiro de 2014 0,22 p.p., para 8,55. Na semana passada prevíamos tendência de queda, mas não tão próxima no tempo.
O momento é delicado. Talvez o mercado tenha reagido excessivamente, por conta do medo. O problema, no entanto, é que há fortes evidências de que a queda dos juros será pra valer. A disposição é da presidente e ela já tem mostrado força gerindo diretamente o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Não será surpresa se o novo piso for abaixo de 8%. Com inflação na meta, de 4,5%, teríamos teóricos juros reais de 3,5%. Para o pequeno investidor, significaria um ganho real, descontados taxas do Tesouro Direto, Imposto de Renda mínimo e inflação, de 1,875%.
Mudar a regra de remuneração da poupança, do ponto de vista técnico, é simples, basta mexer na TR e permitir que possa ser negativa. O problema é político. Mas nada que fórmulas complexas de cálculo não possam ocultar a realidade — foi assim com o fator previdenciário — e as pessoas fiquem com preguiça de entender as mudanças. A decisão, naturalmente, é política, e é muito menos impopular, na minha opinião, que subir o preço da gasolina, por exemplo. Ademais, quem aplica em Caderneta de Poupança nunca esteve muito atento aos números, nos últimos anos, e, sim, à segurança. Cobrar um pouco mais por isso pode passar despercebido.