quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Rumos da Selic: Copom em 29/08/2012

Antes do comunicado, o mercado de juros futuros fechou em 7,38 para outubro de 2012 e em 7,21 para janeiro de 2013. Disse o comunicado que, se forem necessário novos ajustes, deverão ser conduzidos com máxima parcimônia. Parece nítido que o termo "máxima" só foi escrito com o intuito de realçar a normal parcimônia dos votantes. E também fica claro que, salvo mudanças drásticas na economia, não haverá corte, na reunião próxima, em 9 e 10 de outubro, e na última de 2012, em 27 e 28 de novembro. Talvez a redução só venha em 15 e 16 de janeiro de 2013 ou nem isso. Por certo, o IGP-M apimentado (7,72% nos últimos meses e 1,43% em agosto fruto de um IPA de 1,99%) contribuiu pra decisão. O mercado abriu hoje em balanço, mas deve apontar para o alto, até onde eu entendo, após digerir os dados.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Tilt e o desamparo aprendido

O desamparo aprendido (learned helplessness) é um conceito introduzido por Seligman, em 1967, para explicar a gênese do processo depressivo em ratos. Em geral, diante de um estímulo aversivo, os animais buscam a fuga (se afastam daquilo que provocou a dor, por exemplo) ou de esquiva (evitam se aproximar da fonte de estímulos ruins). Porém, diante de estímulos aversivos vindos de eventos não contingentes e incontroláveis (como choques imprevistos nas patas), o animal não tem como fugir ou se esquivar.
Ele não encontra uma boa ação para fugir dos estímulos e entra em um quadro chamado de desamparo aprendido, que é equivalente à depressão nos humanos. O indivíduo não responde mais a estímulos, não age em autoajuda, porque percebe que não tem controle sobre os resultados. Ficar parado economiza energia, que seria desperdiçada na busca infrutífera de soluções para escapar dos estímulos aversivos. Mesmo quando as chances de evitar o estímulo passam a existir, por vezes o indivíduo é incapaz de recobrar sua ação de fuga ou esquiva.
Há muitos estudos sobre o assunto que são de interesse para quem gosta do tema, mas que fogem ao escopo desse texto. O importante é reter os aspectos fundamentais para as apostas esportivas. Muitas derrotas consecutivas trazem a percepção de que não é possível evitá-las e que não temos o controle sobre os jogos. O pessimismo que as derrotas trazem às vezes é generalizado para o restante da vida — a pessoa se acha fracassada, torna-se negativa e introspectiva. A pessoa passa a duvidar que pode conseguir resolver as tarefas (as apostas) com sucesso.
Alguns autores argumentam que o estilo explanatório de cada um afeta o impacto do desamparo aprendido na vida das pessoas. Dizem que pessoas mais otimistas superam com mais facilidade a sucessão de estímulos aversivos incontroláveis. Faz sentido, porque evitam ficar mais tempo prostradas do que o período ótimo. Lembremos que a função evolutiva do desamparo aprendido é fazer o indivíduo economizar energia e interromper o que está fazendo para uma reflexão maior sobre o sistema em que vive, em um processo de introspecção, ampliação cognitiva e pensamento crítico, levado a cabo pelo córtex pré-frontal. Mas há limites para tal, porque não é ótimo que o humano passe muito tempo nesse estado, como muitas vezes acontece.
Há alguns truques para evitar que você entre em um quadro de desamparo aprendido. Em primeiro, é preciso buscar explicações mais realistas para os acontecimentos, sem generalizar para a vida, para o mundo e para o indivíduo — não dizer que o mundo é assim mesmo, que só acontece consigo, que se está sendo perseguido, que é um azar inacreditável e impossível de acontecer normalmente. Se você faz 300 apostas por ano, é muito provável que enfrente sequências de cinco, seis, sete ou oito derrotas seguidas com alguma periodicidade, mesmo tendo em vista que esses resultados foram frutos de eventos implausíveis em seu julgamento (chutes na trave, expulsões, pênaltis, quase gols, frangos, etc.).
Em segundo, diante de cada evento negativo, é preciso conscientemente relembrar dos eventos positivos que aconteceram no passado. Você também passou por sequências de vitórias, já teve sorte algumas vezes, ainda que não tenha atribuído os bons resultados à falta de controle e previsibilidade. Lembre-se que a vida alterna prêmios e punições. Isso é normal.
Em terceiro, evite pensar demais quando ocorrem as derrotas. Os jogadores de poker conhecem bem o processo: aquele que pratica o overthinking para justificar suas jogadas erradas tende a ter um desempenho pior, porque são incapazes de ver os lances com a simplicidade que merecem. Se você pensar demais, é provável que chafurde em elucubrações pessimistas a respeito da vida, do mundo e de sua capacidade (do tipo sou um lixo, a vida é sacana, o mundo é injusto e assim por diante).
Em quarto, busque uma aposta fácil (cotações inferiores a 1.05, que representam uma probabilidade de vitória de mais de 95%) para interromper a sequência ruim. Não pense de forma crítica, questionando a validade dessa aposta fácil para provar suas competências. Apenas aceite que você venceu a aposta e não está mais naquela sequência fatídica de derrotas.
Praticando essas soluções você evitara adentrar no quadro de desamparo aprendido. A principal consequência no mundo das apostas desse quadro é fazê-lo tiltar — você desiste do jogo, faz apostas insanas com o intuito de ganhar ou perder tudo, buscando, assim, remover o estímulo aversivo (o sentimento de impotência diante das derrotas) a qualquer custo. Você só evita o tilt sabendo lidar com os vários passos que conduzem a ele. Se você esperar sentir o tilt para saber como lidá-lo, então será muito tarde e ele te dominará. O tilt é o tipo de inimigo que você não pode ver na frente e que você não pode deixar ele se aproximar. E, para tal, o treinamento é muito anterior, reforçando a mente e a resiliência. Você não se prepara para vencer a briga com tilt, mas treina para não conhecê-lo.

O que as apostas nos ensinam para a vida

Pensamos muito em como ganhar, em como prever o futuro, mas não temos bola de cristal, tampouco a onisciência divina. Somos humanos, erramos, aprendemos lentamente, caímos, nos reerguemos, lutamos contra inimigos íntimos e desconhecidos, buscamos um final feliz ou mais uma vitória suada. Não queremos a paz derradeira, mas a ação contínua, o chute ao gol, o saque, a bola ao cesto, até o último ponto ou apito.
Para nos tornarmos bons apostadores, temos de ser humanos melhores, controlados, sábios, que espreitam o adversário para agir na hora certa, que formulam ordem em meio ao caos, que promulgam leis para evitar a anomia, que acham o previsível em meio ao aleatório.
A vida é como um jogo. Podemos vê-la como uma sucessão de aleatoriedades incontroláveis, por um lado, ou como uma sequência de fatos previsíveis. Não podemos focar naquilo que não está sob nosso controle, mas nem acreditar que temos o leme para nosso destino. Erramos, para aprender. Vencemos e perdemos, para que ao final dos tempos, tenhamos a certeza de que a disputa valeu a pena.
Uma aposta perdida na vida — um negócio mal feito, uma profissão inadequada, um parceiro amoroso ruim, uma doença de cura difícil — não pode fazer nos curvar. É preciso esquecer a perda, perdoar, relevar, para o nosso próprio bem, para retomarmos nosso desempenho ótimo na próxima aposta. Devemos aprender a crescer sob pressão e nos alimentarmos das cinzas das derrotas. E saber olhar para o horizonte com o deslumbramento de quem vê a sublime paisagem pela primeira vez, mas com a sabedoria de quem conhece cada trilha e cada pegada.
Não fazemos all-in na vida nem colocamos todo nosso sangue em uma única empreitada. Não podemos arriscar tudo em um único jogo. Devemos estar preparados para um campeonato longo de várias partidas e não arriscarmos tudo num mata-mata decisivo. A vida também é longa, em princípio, e seu desempenho estará registrado em nossa conta, como todos seus créditos e débitos. Todas as partidas devem ser levadas a sério, com comprometimento de quem faz a final do campeonato.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A diferença entre o apostador profissional e o amador

Sempre me pergunto o que significa dizer que se é um apostador profissional. Acho que as diferenças são muitas. Vamos enumerá-las:
1- O apostador profissional é aquele que tem um histórico de temporadas seguidas com lucro. Creio que são necessários ao menos cinco anos de lucros contínuos. Um profissional é aquele que trabalha e aufere ganhos de seu trabalho. Se você, em um ano, tem prejuízo, provavelmente não é um profissional, porque trabalhou para perder dinheiro. O amador é diferente, pois alterna temporadas com lucro e com prejuízo, dependendo das promoções, de apostas acumuladas acertadas atípicas e de uma ou outra aposta com volume apostado e acertado maior.
2- O apostador profissional é aquele que não aposta por emoções, mas por trabalho — ainda que seu trabalho traga emoções, é diferente de buscar uma emoção que dá trabalho. Dessa forma, ele não é um apostador de fim de semana, nem um telespectador de sofá, pipoca e cerveja. Ele não escolhe as apostas pelo conforto, lazer ou emoção, mas sim pelo retorno, pela lucratividade.
3- O apostador profissional tem disciplina e planejamento. Ele cria regras de conduta, horários de operação, normas para gerenciar seu bankroll, processos de busca de informações, estratégias para obtenção do ponto ótimo de risco e retorno. O apostador amador é preguiçoso. Aposta quando dá vontade. Ao invés de buscar informações, recebe-as de modo passivo, de mesas redondas televisivas e narradores esportivos. Tem estratégias limitadas para equacionar o risco e retorno e de vez em quando aposta tudo o que tem. Define espontaneamente a quantidade apostada. Fica preso emocionalmente aos resultados prévios.
4- O apostador profissional gira um volume grande de recursos. Uma regra de corte adequada é acima de R$ 1 milhão por ano de apostas. Nesse valor, se o apostador tiver um ROI de 3%, terá ganhos de R$ 30 mil no ano. Apostando 250 vezes na temporada, terá um valor médio de aposta de R$ 4 mil por jogo e um bankroll de R$ 20 a 40 mil. O apostador amador também aposta muitas vezes, mas os volumes totais são muito menores. Apostas típicas de amadores oscilam entre R$ 30,00 e 50,00 — guardam uma equivalência com metade dos preços dos ingressos. Tomando por hipótese que a aposta média é R$ 40,00, após apostar 250 vezes, em jogos bem selecionados, ter-se-á um volume girado de R$ 10 mil. Assumindo um ROI de 3% o lucro é de apenas R$ 300,00 no ano, pouco menos de trinta reais por mês, o que é insuficiente para considerar a pessoa um profissional.
Pode parecer chique ser considerado um profissional, mas raramente se leva em conta os sacrifícios que uma pessoa tem de fazer para ser um deles. Ser amador, por outro lado, pode ser muito agradável, como em uma divertida brincadeira e não como um em trabalho estafante.

Overbetting em apostas esportivas

Overbetting é um conceito conhecido entre os jogadores de poker, assim como overtrading é familiar para os operadores do mercado financeiro. No primeiro caso, o significado é uma aposta de tamanho excessivo, que reduz o lucro potencial de uma jogada, principalmente porque afugenta adversários e não permite extrair o máximo de fichas deles. Não é essa a analogia que queremos fazer com as apostas esportivas.
A analogia correta é o overtrading. Nesse caso, sabe-se que no longo prazo pessoas que realizam menos transações tem um lucro maior do que aquelas que realizam transações demais. O overtrading é comum entre homens autoconfiantes, com autoestima muito alta. Essas pessoas acham que conseguirão acertar os picos e os vales, as máximas e as mínimas do mercado, mas na realidade acabam tendo um desempenho pior do que aqueles que simplesmente compram ações e ficam casados com seus ativos. Como no longo prazo as ações sobem, aquele que ficou sossegado, sem pular de galho em galho, acaba tendo um desempenho melhor. Ademais, os irrequietos têm custos de transação mais altos, que prejudicam suas rentabilidades no longo prazo.
Nas apostas esportivas não existe lucro certo no longo prazo. Não adianta você ficar com o dinheiro parado. Você só ganhará se apostar e o seu ganho vem em um ponto isolado no tempo — é diferente de ativos que te permitem ganhos contínuos, de renda ou de dividendos. Mas apostar demais tem seu preço. Pelo menos em tese, suas apostas devem se concentrar nas melhores opções, naquelas em que as cotações mais fogem da realidade que você postula. A maximização do lucro viria de uma única aposta cuja cotação mais desvia da realidade potencial. Mas como existe risco, você precisa diversificar suas apostas. Porém a diversificação excessiva diminui o retorno. O ponto ótimo é aquele que atende os seus critérios de risco e retorno. Então, a pessoa que faz overbetting reduz o risco mas também reduz o retorno.
Para saber se você está em uma condição de overbetting o ideal é criar suas próprias estatísticas e parâmetros e se fiar neles. Por exemplo, de cada cinco jogos assistidos, um apostado, em média (haverão sequências de jogos bons de apostar e sequências de jogos que se deve ficar de fora). Ou de cada rodada de um campeonato nacional, com dez jogos, um apostado, somente.
O segredo é a seleção correta das apostas. Isso é óbvio, mas a prática leva anos até ser consolidada, porque a tendência, natural (digamos assim), é deixarmos as emoções influenciarem na quantidade ótima de apostas.

Promoções de apostas esportivas

Não existem mais promoções fáceis no mundo das apostas esportivas. Há anos atrás o Sportingbet fazia boas promoções, sem grandes requisitos para esquentar os bônus, apenas a rolagem de três vezes a soma do valor depositado e do prêmio. Mas esse tempo se foi. O padrão da indústria é predefinir o tipo de aposta que é usado para rolagem. No Bet365, por exemplo, não podem ser jogos com cotações menores do que 1.50, não valem apostas de mais ou menos gols ou de handicap asiático.
O Sportingbet tem insistido em seu sistema de prêmios por acúmulo de pontos, mas dado o alto preço das comissões, o sistema não é vantajoso, após a comparação com as cotações normais dos outros sites. Para alguns jogos são oferecidos pontos em dobro ou em triplo. Nesse caso, valem a pena. Bônus específicos por jogos importantes também são concedidos pelo Bet365. Mas será que é uma boa ideia se comprometer com a aposta somente porque há premiações envolvidas? É preciso calcular com precisão os bônus concedidos. Lembre-se que, ao entrar nesse tipo de promoção, você acaba apostando num jogo que talvez você não apostaria. Isso conduz ao aumento da frequência ótima das apostas. A disciplina de só entrar nos jogos que realmente valem a pena serem apostados pode ir por água abaixo. E o objetivo dos promotores é esse mesmo: aumentar a frequência de apostas, principalmente em jogos mais importantes, como finais de competições mata-mata ou partidas decisivas de campeonato, porque nesses casos há mais emoção envolvida e maior a chance de que sua aposta seja reforçada pelos prêmios oferecidos. Essas promoções servem para que você vicie nas apostas, ao associar jogos emocionantes com prêmios em dinheiro — muitas vezes sempre positivos, porque as perdas são devolvidas.
Outro problema das promoções é que elas alteram o tipo de aposta ótima que você faria. Ao não poder pensar em outras possibilidades, como mais ou menos gols ou cotações inferiores, você aumenta a aleatoriedade dos resultados. Você acaba apostando justamente nas opções que dependem mais da aleatoriedade e menos da observação e estudo consistentes. Ou seja, você acaba por desaprender os melhores padrões de jogo.
Um terceiro problema é que o valor da aposta também é modelado pelas promoções. Você demora meses para achar o valor ótimo de sua aposta, aquele que te deixa mais confortável e que te permite conseguir boas sequências de vitórias e possibilita recuperar-se das derrotas sem traumas. De repente você entra em uma promoção que o melhor valor a ser apostado não é compatível com o valor que você aprendeu como o ótimo. A consequência é a de você destruir os seus modelos e esquemas e torná-los aleatórios, motivados pela emoção, dificultando agir com racionalidade com vistas a aumentar seus lucros.

Aprenda com seus erros

Diz o ditado que errar uma vez é humano, mas errar duas vezes é burrice. É fácil nos sentirmos burros nas apostas esportivas, porque a repetição, que parece sem fim, dos mesmos erros, acontece muito frequentemente. Quando há emoções envolvidas, a repetição dos erros sempre vem à tona.
Abaixo, arrolo alguns erros que venho repetindo há muito tempo:
1- Aposto em jogos importantes, porque quero assisti-los com uma pitada de emoção, e não porque representam uma boa oportunidade de ganhos. Se tiver transmissão simultânea de quatro jogos, acabo optando pelo jogo de mais qualidade, com times maiores, ao invés de acompanhar o jogo com mais potencial de lucros. A confusão entre lazer e trabalho tem seu preço e me prejudica continuamente, além de baixar minha autoestima, tendo em vista que passo a duvidar de minha capacidade de autocontrole.
2- Não planejo minhas apostas. O ideal seria planejar ao menos um dia antes, verificando a programação dos esportes para o dia seguinte, a mudança das cotações e as notícias. Fico com preguiça de cumprir com essa etapa mínima de planejamento e adoro apostar espontaneamente, caçando oportunidades adhoc, sem uma avaliação prévia do que está acontecendo. Dessa maneira, perco informações importantes que por certo, em algum grau, iriam aprimorar meus resultados.
3- Transgrido minhas leis e pactos de apostas. Todo apostador é um legislador pessoal. Uma das minhas leis é não apostar antes de quinze minutos do primeiro tempo — prazo que pode ser estendido para vinte, trinta ou cinquenta e cinco minutos, mas nunca antecipado. Como um bom brasileiro, não levo muito a sério as leis, mas depois me arrependo amargamente.
4- Não consigo ter frieza após um sequência de derrotas. Nesse contexto, tendo a cometer vários erros. Fico relaxado demais, tiltado como dizem os jogadores de poker, e quero apostar à esmo, para ganhar de forma aleatória e inconsistente. O processo seletivo de apostas fica comprometido. Minhas regras financeiras se perdem: por um lado não faço novos aportes, com medo de estar entrando em um mau negócio; por outro, abandono regras do tipo 10%, 12% ou 15% do bankroll para cada aposta, porque é mais difícil correr atrás do prejuízo nesse sistema. Tendo a voltar para valores fixos de apostas, mas uma nova derrota trás ainda mais confusão e dúvidas quanto ao valor ótimo a apostar.
A gente repete o erro porque tem um ganho escondido em cada ação errada. Escolho jogos importantes porque gosto deles. Não planejo porque quero evitar o trabalho de planejar. Transgrido minhas leis para evitar a ansiedade de ter um desejo não atendido. A derrota atrapalha a programação porque associamos uma à outra e não queremos perder novamente, por isso nos desprogramamos.
Não podemos esmorecer. Cada erro repetido deve suscitar um novo compromisso com a solução, uma nova busca, uma disciplina, um ato de corrigir. É importante tentar se antecipar ao erro. Use lembretes, mensagens, avisos, para refrescar a memória e aprimorar o processo de tomada de decisão. É também preciso achar modos de reduzir os prêmios ganhos por errar. Isso exige muitos estudos de psicologia esportiva, ajustes pessoais e um longo caminho no autoconhecimento.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Aprenda a não apostar

Apostas frequentes criam o hábito de apostar. Na melhor das hipóteses nos tornamos apaixonados pelas apostas esportivas, que nos trazem muitas felicidades. Na pior das hipóteses viciamos e insistimos em nossos palpites mesmo em fases ruins. Para sermos bem sucedidos é preciso que nos aprimoremos na arte de não apostar.
Há jogos que não acontece nada de atípico. O juiz não está roubando pra ninguém, as cotações realmente refletem as forças dos times. Não chove nem faz muito frio. Os jogadores não estão nem muito nervosos nem muito relaxados. Os chutes ao gol ocorrem de acordo com a probabilidade que esperaríamos. O futebol parece ser meramente um evento aleatório dentro de bandas previsíveis de probabilidades. Nesse caso a perda é certa no longo prazo, porque o computador ganha da gente.
Um bom exercício é sempre procurar decidir se vale a pena ou não apostar. Ao invés de pensar em perdas e ganhos, devemos pensar em apostas e não apostas. O objetivo é aumentar a lucratividade e a taxa de acerto e isso exige que você saiba não apostar.
Não apostar é vencer. Além dos jogos em que você não deve apostar porque as cotações refletem muito perfeitamente o que está acontecendo e a comissão implícita corrompa sua lucratividade, você deve aprender a intuir jogos que parecem ser surpresas do destino, eventos ilógicos. Só com intuição isso é possível. O raciocínio frio e calculista não permite investigar as obras do acaso. É preciso mágica, sensibilidade e sabedoria.
Se você aposta por mera diversão — o que é algo raro, porque a maioria dos apostadores aposta para vencer, unicamente — vai ser difícil segurar a vontade de fazer a aposta, afinal, assistir um jogo sem ter feito apostas perde a graça. Para nos divertirmos, é preciso apostar, pagar algo, como qualquer outro lazer. Mas quem almeja o profissionalismo terá de lidar com a abnegação do divertimento. É preciso reconhecer que para ganhar nem sempre a gente pode se divertir o tempo inteiro. Muitos jogos teremos de ficar de fora, como meros espectadores desmotivados, para continuar nossa luta contínua de aprendizado e busca pela maestria nos prognósticos esportivos.
Não só a diversão precisa ser controlada no caso dos apostadores profissionais. Também é preciso dominar a ambição e a auto-estima muitas vezes elevada nas fases positivas, bem como a depressão e a auto-estima baixa nas fases negativas. Emoções extremas, fora de equilíbrio, tanto para cima como para baixo, produzem danos no percentual ótimo de jogos que devemos apostar. Muitos, quando estão perdendo, querem correr atrás do prejuízo e apostam demais. Outros, quando perdem, desanimam e se afastam, crendo não ser possível bons resultados. O mais frequente parece ser o primeiro caso, que é terrível, pois leva a falência rapidamente o jogador que está em uma fase ruim e que quer apostar volumes cada vez maiores em frequências mais rápidas para afastar a fase ruim e voltar ao estado positivo.
O percentual de entrada ótimo de apostas também é afetado quando estamos em uma fase boa. Com medo de perder a lucratividade e voltar a um ponto anterior, costuma-se protelar as apostas e perdem-se boas oportunidades. Por outro lado, há jogadores que a vitória traz a sensação de superioridade e a confiança de que não irão perder mais, o que provoca apostas em quantidade excessiva.
Enfim, saber não apostar é algo que precisa ser trabalhado com atenção e zelo. Mas é o segredo dos profissionais. A curva de aprendizado dessa habilidade é longa para a maioria das pessoas. Não deixe de refletir sobre o assunto e de começar a aprender o quanto antes.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Comentários sobre o resultado de julho de 2012 e melhor título para setembro de 2012

O Tesouro publicou, em 15/08/2012, o resultado do mês de julho. Não há mudanças radicais, mas quando comparamos com o resultado de passados três meses é possível notar alguma alteração. O público tem preferido prazos mais longos — 65% tem comprado títulos com prazos superiores a 5 anos. Sempre suspeito que as pessoas não tem noção dos riscos que estão incorrendo. É difícil acreditar que esse alto percentual de investidores realmente pretende deixar os títulos vencerem normalmente. Mais provável é que muitos estão seduzidos pelas tabelas de rentabilidade, que costumam ser mais acentuadas, para cima e para baixo, nos títulos de prazos longos.
A preferência pelos títulos indexados à inflação caiu de um patamar em torno de 65%, durante o primeiro semestre, para 61,7% em agosto. Tal movimento é, talvez, fruto da queda da rentabilidade bruta em espaços de tempo curtos em junho e julho que motivaram mudanças no comportamento do investidor que baseia suas decisões exclusivamente na rentabilidade passada imediata. Como em agosto as NTN-Bs não tem reagido, é provável que o percentual caia ainda mais na próxima divulgação.
No mercado de juros futuros, o contrato de maior liquidez, janeiro de 2013, ficou em 7,30, enquanto o de janeiro de 2014 fechou em 7,89 e janeiro de 2017 em 9,29. Comparando com a primeira semana de julho é interessante notar que a amplitude aumentou: agora temos quase dois pontos percentuais entre quatro anos, enquanto antes tínhamos 1,7. Não há grandes mudanças no teste do piso: o mercado continua apostando em 7,25. Eu vejo espaço para maiores baixas e piso em 7,0. O governo quer recuperação rápida, mesmo se for irresponsável. Nesse cenário, as NTN-Bs podem continuar sendo um bom negócio.
Comparando a NTN-F de 01/01/23 e a NTN-B teórica com vencimento igual, teríamos 10,03% contra 4,20% e uma inflação implícita de 5,77%, bastante alta ao nosso ver, embutindo um grau de incerteza forte.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Cachorro quente dá lucro?

Cachorro quente dá lucro? Essa é uma das procuras mais populares no google. O principal atrativo é que não há barreiras à entrada para novos empreendedores. Todo mundo sabe fazer cachorro quente. Mas se lembre: quando não há barreiras, a concorrência pode ser muito intensa. Então, a primeira tarefa é achar um bom ponto, em algum bairro, sem nenhum concorrente de peso. As pessoas gostam de comer perto de suas casas, para economizar com combustível ou transporte, ou para não ter de andar muito. Por isso é importante achar algum lugar densamente habitado.
Os investimentos são baixos. Um carro apropriado, para ser rebocado, pode ser comprado por R$ 10 mil. Com R$ 30 mil você pode optar por um veículo utilitário equipado para vender o produto. Embora seja mais caro, exige menos espaço, o que pode ser um quesito importante dependendo da localização escolhida.
Os custos fixos são baixos: correspondem à depreciação do equipamento e do carro de cachorro quente e de seu custo de oportunidade. Supondo R$ 15 mil de investimento inicial, depreciação de dez anos e custo de oportunidade de oito por cento ao ano, e R$ 75,00 de despesas diversas, tem-se um custo fixo mensal de R$ 300,00 ao mês. Os custos variáveis de matéria prima não devem passar de R$ 1,50 por unidade vendida para os tipos mais simples. Se você vender o produto a R$ 3,50 acompanhado de um refrigerante a R$ 2,50 (com custo de R$ 1,50), deve ter uma margem de contribuição de R$ 3,00 por cliente atendido, sem contar o custo da mão de obra. Se assumirmos que você mesmo irá trabalhar e ignorarmos o custo de oportunidade de seu tempo, é mais fácil calcular os resultados. Supondo que você trabalhe 22 dias ao mês, folgando dois dias por semana, e atenda 50 clientes por dia, ao final do mês terá um lucro de R$ 3.000,00.
Seus ganhos serão bem menores se você precisar contratar empregados para o trabalho. Como o serviço é noturno, não será fácil achar bons empregados que aceitem as condições nem sempre boas de trabalho. Ademais, a legislação trabalhista exigirá pagamento de adicional noturno e de acréscimo para o trabalho nos fins de semana. Com sorte você conseguirá ter despesas na ordem de R$ 1.500,00 por funcionário (para um salário de R$ 700,00). Note que se você colocar dois funcionários, todo seu lucro desaparecerá para pagar os empregados. Além disso, se você precisar formalizar o negócio, some R$ 500,00 às despesas para o pagamento de impostos e do contador.
Enfim, vender cachorro quente é um microempreendimento apropriado para quem quer arregaçar as mangas e preparar as refeições por conta própria. Nas grandes cidades, o faturamento é maior, porém pode ser perigoso trabalhar à noite. Nas cidades menores, o risco não é significativo, mas o faturamento diminui e a concorrência aumenta.
Ademais, é preciso estar preparado para oferecer um produto de boa qualidade. O consumidor quer pagar pouco, mas nem por isso pensa em abdicar da qualidade. Estar atento aos fornecedores e à matéria prima é importante. Por último, é preciso ter paciência para atender bem os clientes, que em geral são fieis ao ponto quando bem atendidos.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Melhor carteira recomendada para agosto de 2012

Em julho, elogiei a Souza Barros e a Ativa, por suas boas carteiras, equilibradas e sensatas. Em agosto, mantenho meu elogio para a Souza Barros. É uma das poucas corretoras que tem coragem de sugerir apenas cinco papeis: CCRO3, CMIG4, HGTX3, ODPV3, CRUZ3. A aposta é pelo conservadorismo, buscando dividendos e mercado interno em crescimento.
A carteira da Ativa veio extensa e arrependida: das dez ações, pelo menos seis são de tempos saudosos de nossas bluechips (PETR4, VALE5, GGBR4, BVMF3, ITUB4 e BBDC4). Outras quatro são de empresas consolidadas (BRML3, LREN3, CPFE3 e BRFS3). Parece ter havido algum tipo de mudança na análise da corretora.
A carteira da TOV também pareceu interessante: VALE5, RENT3, CMIG4, NATU3, CCRO3, HYPE3, VIVT4. Mas a Natura nunca esteve tão cara, indicando que a sugestão é nitidamente grafista. E para a Hypermarcas ainda pode não ser o momento certo de voltar a por os olhos.
Uma guinada menos especulativa foi dada pela XP: BRP3, CSMG3, CSAN3, OHLB3, PCAR4, UGPA3, VALE5, ESTC3 e OSXB3. A carteira ficou melhor e mais adaptada ao momento positivo da bolsa brasileira.
A Ágora resolveu focar no mercado interno: ABCB4, RADL3, LAME4, AEDU3, CMIG4, PCAR4, BRML3, TIMP3, CIEL3 e BBAS3. Excluiu qualquer ação que tenha commodities e escolheu ações que tem alta correlação entre si - procedimento questionável. E resolveu praticar heroísmo com Banco do Brasil e Anhanguera.
Carteira curiosa é a do BTG Pactual: FIBR3, CCRO3, LAME4, BRML3, EMBR3, KLBN4, DTEX3, VLID3, KROT11 e BEEF3. Parece a ressurreição dos mortos vivos. Boa sorte para quem gosta de filme de terror.
É arriscado para um analista sugerir TIMP3, depois do caos do mês passado. Mesmo assim, além da Ágora, a Planner também comprou a aposta fundamentalista de um reajuste. Também sugere AMBV4, BRSR6, CESP6, EZTC3, AMAR3, MDIA3, OHLB3, PCAR4, CSNA3, TOTS3 e VALE5. Observo a coragem de sugerir Banrisul, um banco lucrativo, que pode ser uma boa opção em tempos de setor afetado pelo esforço regulatório do governo. Lojas Marisa continua cara e não provou ser capaz de ultrapassar suas resistências. Diferente da Totus, que mesmo cara, sobe de modo firme e decidido.
A carteira da Citi Corretora tem somente cinco ações: VALE5, ITUB4, AMBV4, IGTA3 e SBSP3. Deve ter um resultado próximo do Ibovespa, mas defendendo-se de tropeços da economia internacional. Difícil justificar Iguatemi ao invés de BrMalls, tendo em vista que possuem fundamentos parecidos mas o momento técnico favorece a segunda. E, em época de eleições municipais, é estranho pensar em um cenário que vá favorecer a Sabesp - na melhor das hipóteses ela continuará com seus contratos sem interferência, mas na pior das hipóteses, pode haver intervenções políticas desagradáveis.
O mês é muito incerto, porque até hoje a Bovespa subiu forte, mas sem razões internas ou externas convincentes. Prefiro, por isso, a linha de aplicação da Souza Barros.