quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Lan-house dá lucro?

Essa é uma das dúvidas mais populares no ramo dos negócios lucrativos. Vejamos as características do negócio.
O público das lan-houses é formado por pessoas que tem conectividade limitada. Isso pode acontecer por várias razões: podem estar longe de casa, podem não querer ou não poder pagar uma conexão de banda larga, podem estar em viagem, podem não ter computadores funcionando.
São públicos bem distintos, mas nem por isso deixam de estar concentrados. A localização ideal de lan-houses é próxima de viajantes (rodoviárias, aeroportos, hotéis e centro da cidade), de grande circulação de pessoas (próximo a centros comerciais e terminais de ônibus), de repartições públicas (onde as pessoas necessitam acessar computadores para preencher pedidos ou fazer impressões) ou de escolas e faculdades (onde precisam imprimir trabalhos e finalizá-los).
Há tempos o maior público das lan-houses era de jogadores de jogos eletrônicos em rede. Isso mudou, porque as pessoas jogam em suas casas, com conexões boas. Hoje o maior público é de sujeitos que acessam o Facebook para manter atualizadas suas redes sociais.
Os investimentos são baixos: pouco mais de R$ 20.000,00, compostos por doze computadores, uma impressora, um aparelho de ar condicionado, um servidor, uma geladeira para acondicionar bebidas à venda e móveis baratos. Não são necessários móveis sofisticados, tendo em vista que o usuário típico não se importa para esses detalhes. A escolha da lan-house geralmente se dá pela localização (a mais perto de todas) e pela qualidade do serviço (computadores funcionando e conexão rápida) e raramente pela sofisticação do espaço e dos móveis. Um bom ar condicionado é essencial, para manter o cliente por mais tempo no recinto. Cadeiras estofadas e ergonômicas também ajudam a reter os usuários.
O custo mensal de manter uma lan-house é formado por: contabilidade e impostos (R$ 500,00), aluguel (R$ 800,00), salários de dois empregados com encargos (R$ 2.400,00), conexão (R$ 200,00), insumos diversos (R$ 300,00), depreciação (R$ 400,00), custo de oportunidade (R$ 100,00) e outras despesas (R$ 300,00). O custo mensal estimado é de R$ 5.000,00. Supondo que você opere ao menos 25 dias ao mês, isso significa que terá de faturar no mínimo R$ 200,00 por dia. Não é uma tarefa fácil. Cobrando R$ 3,00 por hora, com dez computadores ocupados, são 6 horas e quarenta minutos de ocupação. Ou seja, é muito difícil atingir o ponto limite entre o prejuízo e o lucro.
A maioria das lan-houses que sobrevivem tem de baixar ao máximo o custo mensal. O ponto crítico é o salário dos funcionários. Como pode ser notado, boa parte do faturamento será destinado a tal despesa. O negócio só é viável, na prática, se o próprio dono trabalhar na maior parte do tempo e não depender de funcionários registrados. Caso contrário o negócio precisa ser muito bem estudado, com um estudo de demanda que garanta a boa frequência.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Melhor título público para outubro de 2012

A queda expressiva dos juros futuros em todos os prazos, antes do Copom e referendada pelo Comitê, trouxe ganhos expressivos para quem apostou nos prefixados. Foi uma aposta relativamente arriscada, mais baseada em informações de mercado do que em fundamentos econômicos. O vazamento do voto de uma dos diretores, uma semana antes, referendou a pressão baixista da Selic e calou os economistas. A queda de braço se repete agora, com a Selic para janeiro de 2013 abaixo de 7,10, indicando que boa parte do mercado projeta a taxa a 7,0%. De novo, dissenso com os economistas em uníssono quando a manutenção em 7,25 nas próximas reuniões. É bem possível que o Banco Central esteja seguindo o mercado — tal atitude não é novidade em nossa terra, por mais estranho que possa parecer. Nesse caso, os fundamentos econômicos são pouco úteis para fazer prognósticos e o que conta é a força especulativa de quem está próximo ao poder.
Não há mais almoço grátis nas NTN-Bs. Há quem especule pelo achatamento da curva para os prazos mais dilatados, mas mesmo os juros para janeiro de 2015 já estão abaixo de 8,0. Para além desse ano, a eleição presidencial, mesmo que previsível, pode trazer turbulências que não justificam uma curva tão baixa. Enfim, em minha opinião, para o pequeno investidor, especular não vale o risco. O melhor é se refugiar nas LFTs e dormir sem pesadelos. Quem quiser especular, prefira os títulos mais longos, de vencimento em 2020 em diante, que se valorizam com o prolongamento da crise mundial.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Surpreendendo-se com as correlações

Atualmente, EUR/USD ou AUD/USD são os dois pares preferidos dos traders. Ao menos na Oanda, 27,4% das posições abertas são em EUR/USD e 12,4% em AUD/USD. Esses moedas correspondem a quase 40% do mercado. Pelo menos em tese, no noticiário, são moedas bastante correlacionadas, porque ambas tratam das perspectivas de superação da crise mundial, ainda que sob olhos mais ou menos puxados. Mas na prática a teoria é outra: a correlação entra as moedas está pequena: 0,18 no último ano e incríveis 0,04 nos últimos três meses. Outra moeda com tão baixa correlação com EUR/USD somente USD/JPY, -0,1 em doze meses. Vale lembrar que, naturalmente, por consequência, USD/JPY e AUD/USD também tem baixa correlação, 0,12 em um ano.
Note que a diversificação das aplicações só é de fato conquistada quando se atenta para pares com correlação baixa.
Curiosamente, nas posições abertas, as apostas são exatamente inversas: 59,0% longas em AUD/USD e 59,0% curtas em EUR/USD, mostrando, talvez, uma correlação inversa nos palpites — o que difere das correlações verificadas no passado e da correlação teórica.

Carteira de outubro de 2012

Comecemos pela XP: CTIP3 foi uma ação questionada no primeiro semestre, por rumores da entrada de novos concorrentes no ramo, mas os boatos não se confirmaram e a ação voltou a subir com relativa consistência. SHOW3 é uma aposta arriscada, buscando retomar seu valor anterior ao tropeço no picadeiro. TBLE3 é outra aposta de retração, mas no campo regulatório, porém é de se perguntar se o preço já não se estabilizou. IMCH3 é uma aposta de segunda linha que pode dar certo se a empresa provar que pode aumentar seus lucros. E OHLB3 é a quarta aposta de retração.
A OGX não aparece faz tempo nas carteiras, mas nesse mês compareceu na Octo, junto de VALE5, GGBR4, ITUB4 e TAEE11. Difícil entender porque deixar mineralizada a carteira e esquecer de tirar o banco, além de dar uma nova chance para a transmissão elétrica. Carteira parecida com a da Geração Futuro, com um banco (BBAS3), duas de commodities (VALE5 e UGPA3), uma metal mecânica exportadora, WEGE3, e outra dependente dos bancos (VLID3).
Um banco também está presente na carteira da Planner: BBDC4, OHLB3, VIVT4, PETR4 e FLRY3. Parece uma carteira equilibrada, mas talvez tenha vindo com muito atraso e não vai reverter o péssimo desempenho ao longo do ano.
A Bradesco foi muito bem em setembro, mas mudou por completo sua carteira, apostando em bons momentos técnicos de BVMF3, AEDU3 e BRPR3, na retração de VIVT4 e na migração de ações financeiras para um banco médio ABCB4. Parece técnica demais a carteira, mas pode dar certo.
A carteira da Ativa continua simpática e recorreu ao mundo técnico para melhorar seu desempenho: JBSS3, KROT11, BRPR3 e VALE5, além de TECN3, um achado fundamentalista, empresa de bons lucros que ainda não está cara.
Kroton continua na carteira da Santander, mesmo com múltiplos salgados. Mas essa não é uma preocupação da corretora, ao adicionar RAPT4, RENT3 e CCRO3. Múltiplos razoáveis só em SBSP3.
A Citi foi de PETR4, AMBV4, SBSP3, BRPR3 e GGBR4, uma carteira pouco descolada do Ibovespa. A SLW decidiu fugir do Ibovespa e centrar o foco no mercado interno, com CIEL3, ALLL3, CPLE6 e PCAR4, além de MMXM3.
Por fim a Souza Barros, sempre a nossa favorita, não revolucionou sua carteira, que continuou com BRML3, CCRO3, HGTX3 e RADL3, e pôs cerveja na mesa com AMBV4.