segunda-feira, 27 de maio de 2013

Tênis: apostas nos sets nos Grand Slams

Imagine dois jogadores iguais. Em tese, poderiam simular um jogo de cara ou coroa pra ver quem vence e teríamos a seguinte distribuição para um jogador: em 2/16 vezes ganharia de 3x0; 3/16 vezes ganharia de 3x1 e em outras 3/16 vezes ganharia de 3x2. A distribuição percentual para o vencedor, no cara e coroa, é de 25% (3x0), 37,5% (3x1) e 37,5% (3x2). Mas na vida real o jogo é bem diferente.
Quem ganha o primeiro set não avança apenas na árvore de probabilidades binárias. Ele produz um aumento de chances de ganhar os próximos sets. Isso ocorre por causa de dois fatores. Em primeiro, se ele ganhou o primeiro set, talvez isso seja um sinal de que ele realmente esteja jogando melhor do que seu adversário nesse dia em particular. Em segundo, ao ganhar o primeiro set ele tem sua moral elevada e rebaixa o ânimo do opositor, ganhando pontos percentuais preciosos de chance de ser bem sucedido na partida. No jogo real, as chances mudam pra 36% (3x0), 34% (3x1) e 30% (3x2). Claro que isso muda de jogador pra jogador e é nesse ponto reside o lucro.
De volta ao cara e coroa, a chance de alguém vencer o primeiro set e vencer o jogo é de 11/32 (34,375%), enquanto vencer o primeiro set e perder o jogo é de 5/32 (15,625%). Na prática, no entanto, o percentual sobe no primeiro caso e desce no segundo caso.
Parece intuitivo que haja tie-break num jogo com tamanho equilíbrio. Mas não é verdade. Num set isolado, a chance de que ocorra é um pouco maior do que 1/4. No jogo inteiro, aproximadamente 1/2.
No cara ou coroa, a chance de não haver um quarto set é de 1/4. Na vida real do tênis, é de mais de 1/3 (36% para ser exato).
Por fim, um último dado interessante: a probabilidade de ocorrer mais de 9 games em um determinado set é de 56%.

Tênis: apostas nos games

Podemos imaginar que um game seja decidido nos moldes de um jogo cara ou coroa. Isso não é normal, porque é óbvio que o sacador tem vantagem, mas acontece. Quando um jogador é aproximadamente dez vezes melhor do que o outro (uma probabilidade de 90% de ganhar a partida) e vai receber o saque.
Nesse caso, é fácil fazer uma árvore de probabilidades. Em 1/16 o melhor jogador fechará o set deixando seu adversário com zero. E vice versa. Em 1/8 das vezes quem ganhar deixará o outro com 15. Em 5/32 o ganhador deixa o perdedor com 30. E em 10/32 das vezes o jogo fica em deuce, empatado. Em resumo:
Game x 0: 1/16
0 x Game: 1/16
Game x 15: 1/8
15 x Game: 1/8
Game x 30: 5/32
30 x Game: 5/32
40 x 40: 10/32
Mas o jogo normal, sem grandes discrepâncias, apresenta outros números. Em jogos equilibrados, com dois jogadores do mesmo nível, a chance do sacador converter um ponto (seja no primeiro ou no segundo serviço) é de aproximadamente 62%. Em outras palavras, quem defende o saque tem a chance de fazer o ponto 38% das vezes. Os resultados finais são os seguintes:
Game x 0: 14,8%
0 x Game: 2,1%
Game x 15: 22,5%
15 x Game: 5,2%
Game x 30: 21,3%
30 x Game: 8,0%
40 x 40: 26,2%, sendo 19,0% para o sacador e 7,1% para o sacado. Note que nos empates nos games, a chance do sacador ganhar é de 72,3%, enquanto a do sacado é 27,3%. No cômputo geral, temos 77,6% de chances do sacador converter seu game e 22,4% de perdê-lo. Tudo isso sem imaginar o impacto das variáveis psicológicas que, como sabemos acentuam a probabilidade de que o próximo ponto seja parecido com o anterior (ou seja, há dependência temporal).

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Distribuição de Poisson no futebol

Muitos sugerem estudar a distribuição de Poisson para entender os números de gols, cestas ou pontos nas apostas esportivas. O problema é que a distribuição dos tentos não é homogênea ao longo do tempo. A função de distribuição irá assumir tal homogeneidade. Por isso é importante ficar atento para os desvios a direita da probabilidade de ocorrências  ao longo do tempo de jogo. Os noventa minutos de futebol não são iguais. Quanto mais passa o tempo, maior a probabilidade de ocorrência de gols por minuto. De qualquer forma não é fácil explorar tais informações de forma lucrativa, porque as casas de apostas conhecem muito bem as distribuições corretas.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Comentários sobre o resultado de abril de 2013

Entender o comportamento do investidor no Tesouro Direto, pra mim, sempre foi um mistério que poucos economistas se dedicaram a desvelar. E continua me intrigando. Mesmo com todas as mudanças nos juros futuros, subidas e rotações, as preferências do investidor se alteram pouco. Desde o ano passado, dificilmente caem pra menos de 60% de participação os títulos com mais de cinco anos e atrelados ao IPCA. São títulos mais arriscados que as LFTs, mas continuam muito populares. Talvez o que explique isso seja a percepção (equivocada) dos investidores de que esses títulos embutem menor risco, por se tratarem de prazos longos e presença de indexação. Também entendo que muitos investidores acreditam que aplicar em títulos públicos de longo prazo é uma boa alternativa pra quem está fazendo seu pé de meia pra a aposentadoria.

Bar dá lucro?

Será que abrir um bar dá lucro? Essa é uma dúvida muito popular, porque muitas pessoas gostam do negócio. Vale fazer alguns apontamentos:
— Por ser uma atividade interessante, que garante, eventualmente, prestígio e popularidade para seus donos, isso significa forte competição, porque muitas pessoas, principalmente as mais ricas, que estão interessadas no status, não se importarão em terem pequenos prejuízos ou se verem forçadas a trabalhar em ponto de equilíbrio, sem lucros.
— A distribuição dos lucros entre os competidores é muito desigual. Alguns bares são bem sucedidos em captar uma clientela cativa durante muitos anos e conseguem margens de lucro altas. Enquanto isso, muitos bares simplesmente não conseguem formar clientela grande, mesmo após anos de funcionamento.
— Os custos de se manter um bar no Brasil são muito altos, em razão, principalmente, dos gastos trabalhistas em horários alternativos e do uso limitado dos caros imóveis comerciais disponíveis para esse fim.
— É um setor que sofre muito com a flutuação da economia, por ser uma área em que as pessoas cortam seus gastos rapidamente quando precisam.
As dicas podem ser facilmente enumeradas. Não abra esse negócio se você: 1- não possui uma rede ampla de contatos e proximidade com seu consumidor; 2- não tem capital suficiente para sustentar movimento baixo nos primeiros anos; 3- não gosta muito de bares; 4- não encontrou um bom ponto.
Talvez, para quem é novo no ramo, seja interessante montar um bar de bairro, pequeno, com o seu estilo, pra ver se você se adapta às exigências duras da vida de empresário do ramo.

Mankiw resume a visão dos economistas sobre o mercado acionário

Se Gregory Mankiw é muito bem treinado em algo esse algo pode ser a didática em economia. Ele resume muito bem os achados dos economistas sobre o mercado acionário dos últimos anos: i) o mercado processa informação rapidamente; ii) boa parte dos movimentos de preços não são facilmente explicáveis; iii) manter ações é uma boa estratégia; iv) diversificação é essencial; v) mesmo pequenos investidores devem investir globalmente.
O resumo é bom, mas é temerário ao dizer que assumir a volatilidade dos prêmios de risco e as ondas de otimismo e pessimismo de mercado significa admitir que os economistas ignoram o que move o mercado. Ora, assumir que os indivíduos são sempre os mesmos, congelados ou geneticamente determinados em suas preferências, é que seria uma posição ignorante.
As ações (stocks) refletem o lado humano da economia. Dinheiro sempre traz medo e esperança, alegria e tristeza. É o canal sentimental da economia, por mais frio que pareça falar do universo das moedas. E o ser humano varia, sim, e muito, conforme a cultura e o tempo. Quem tiver dúvida, basta lembrar-se da complexidade do século XX e de suas alternâncias de expectativas em relação à tecnologia, à cultura, à democracia, aos valores e à educação.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Kelly e o seu gênio difícil

Há uma propriedade no sistema de apostas de Kelly que deixa qualquer um confuso. Quando estudamos uma distribuição binomial simples, como em jogos do tipo cara ou coroa, o número de caras ou coroas, conforme repetimos o experimento em várias rodadas sucessivas, se distribui de modo normal. Por exemplo, com 64 rodadas, temos 1/64 de chances de só termos caras ou outros 1/64 de termos só coroas. 6/64 de termos ao menos uma cara e outros 6/64 ao menos uma coroa. 15/64 de ao menos duas caras e 15/64 de duas coroas. E 20/64 de termos três caras e três coroas. Tudo parece simétrico e isso nos traz a ilusão de que o mundo de Kelly é igual. Mas não é.
Ainda no jogo de cara ou coroa, suponha que você aposte 20% de sua banca inicial de R$ 10,00. Se perder você cai pra R$ 8,00 e se ganhar sobe para R$ 12,00. Você joga um total de 6 rodadas e na sexta rodada você terá os seguintes resultados: R$ 2,62 (1/64 das vezes), R$ 3,93 (6/64), R$ 5,90 (15/64), R$ 8,85 (20/64), R$ 13,27 (15/64), R$ 19,91 (6/64) e R$ 29,86 (1/64). Se você somar tudo e dividir verá que o seu lucro médio é igual ao montante inicial apostado. Mas a mediana é inferior a média. Note que nesse exemplo 42/64 das vezes você terá prejuízo e apenas 22/64 terá lucro (aproximadamente 1/3 das vezes). A distribuição dos resultados de seu bankroll não é mais normal. O valor mediano é inferior a média, os valores engordam a esquerda e afinam a direita.
Como se um vento leste assoprasse. O interessante é que a cauda dos lucros máximos se alonga. É aí que se fazem os raros milionários. Mas a grande massa dos apostadores fica com prejuízos razoáveis e não vê a cor dos lucros. Incidindo comissão líquida sobre os ganhos tudo fica mais difícil, é claro. E não adianta, reforce-se, aumentar o número de jogos por temporada: é apenas fazer o vento soprar mais forte na direção contrária. Para 50 jogos, a taxa de sucesso cai pra 1/4 das vezes; para 100 jogos, vai pra 1/8; 200 jogos, 1/15; e pra 600 jogos cai pra menos de 1% de temporadas bem sucedidas.
Pra minimizar os efeitos, você deve reduzir o percentual de Kelly a ser reaplicado. Reduzindo de 20% pra 10%, a taxa de sucesso pra 50 jogos sobe pra 1/3, de 100 pra 3/10, de 200 pra 2/10 e de 600 pra 1/10. A vida fica mais tranquilo, mas nem por isso vira moleza.
Brincando de Montecarlo (10000 temporadas de 300 jogos), usando como parâmetros uma comissão líquida de 5% pra casa de apostas, um percentual de Kelly de 10% e uma acertabilidade de 20% a mais da cotação líquida (1,10-1,12; 1,50-1,55; 4,0-4,3, 10-11,8), 1/3 das vezes você terá lucro, 1/3 terá prejuízo de mais de 90% dos seu bankroll inicial e 1/12 terá lucros maiores do que 10x seu bankroll. Se você subir o percentual de Kelly pra 12%, o prejuízo de 90% passa a ser em 3/7 das vezes. E com 16% de Kelly o prejuízo de 90% passa de 2/3 das vezes. Nesse último caso, o lucro só vem em 1/6 das vezes.
Se você tiver coragem e apostar muito, sua comissão pode cair pra 2%. Mas é muito provável que sua acertabilidade, pela grande quantidade de apostas, também caia. Imaginando que seja reduzida pra 10%, um percentual de Kelly de 20% o lucro emerge menos de 1% das vezes. Reduzindo pra 12%, o lucro aparece no mesmo valor percentual, 12%, das temporadas e você leva pra casa pouco mais de 3% de chances de conseguir decuplicar seu capital inicial. Para dobrar suas temporadas com lucro, precisa reduzir o percentual apostado pra 8% e a vantagem é que provoca poucas alterações nas chances de decuplicação. A bom é que você reduz de 2/3 pra 1/3 as chances de temporadas com prejuízos maiores do que 90% do seu capital inicial. Reduzindo ainda mais o percentual aplicado, pra 5%, 1/3 das temporadas você chega no lucro e reduz ainda pouco a chance de decuplicar o capital (2,5%).

Não há reis longevos na terra da variância

Quando se fala em risco se pensa em variância. As pessoas tornam-se ricas ou pobres nesse país estranho. Geralmente mais pobres do que ricas. Faça suas simulações. Você não precisa ser um gênio da matemática para criá-las. Um programa como o Excel e uma macro relativamente simples fazem o serviço pra você. E os resultados são sempre assustadores. Você precisa ser realmente muito bom pra superá-la, deixar pra trás seus concorrentes, saber selecionar muitíssimo bem suas apostas e não se assustar com as sequências de derrotas estranhas.
Investimentos de risco realmente podem fazer milionários e é isso que mantém a indústria. Os novos ricos se acham superiores, melhores e mais espertos, mas na grande maioria das vezes, pelo menos entre aqueles que jogam honestamente, estão contando com a sorte e não sabem. Mesmo que tudo esteja certo, não se engane, lembre-se que tudo pode ser uma enorme ilusão construída, tijolo a tijolo, pelas mãos caprichosas da aleatoriedade.
Como as pessoas subestimam o bankroll necessário para investimentos de risco, de forex às opções, de apostas esportivas ao poker, a maioria dos incautos quebra e joga a toalha várias vezes, até desistir da soberba e se tornar, humildemente, um amante do risco recreativo. Mas essa caminhada pode custar caro. Em suma, não largue seu emprego para viver de risco. O normal, a regra e não a exceção, é perder tudo cedo ou tarde. Talvez o mais saudável seja acalmar as ambições e levar como uma brincadeira. E pode ser, quem saberá, que algum dia o jogo te surpreenda, torne-se sério e lucrativo.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Quantas units preciso em meu bankroll?

Imagine que você seja um jogador medíocre e em jogos do tipo cara ou coroa acerta apenas 50% das vezes. Mas você tem juízo e paga apenas 5% de comissão de seus ganhos líquidos para as casas de apostas. Você aposta freneticamente e quer saber quantas units precisa ter na sua conta para não falir.
Você aposta em 10.000 jogos por temporada, toma um elixir da vida e aposta durante 300 temporadas. Temos um total de 3 milhões de apostas. E acha que é um valor suficiente para considerarmos como o longo prazo.
Nesse contexto, para não falir quase nunca você precisará de um bankroll de quase 800 units. Se você conseguir baixar sua comissão para 2% pode reduzir seu grau de exigência para 600 units. E na utopia de um mundo sem comissão baixe para 500 units. Pagando 10% de comissão, como muitas casas cobram, o melhor é esquecer, pois você terá lucro em menos de 3% das temporadas e para não falir terá de ter 900 units.
Mas vamos nos aproximar de novo mais ou menos da realidade. Você adora apostas ao vivo e faz em média 500 apostas por ano. É um bom volume para semiprofissionais. Além disso paga 5% de comissão e é um apostador afiado, escolhendo cotações em que você identifica erros líquidos de 10% (por exemplo, 2,42 ao invés de 2,60, 1,18 ao invés de 1,20). E você vai viver por 3.000 temporadas. Nesse caso o lucro médio da temporada gira em torno de 10 units e você precisa ter 100 units pra minimizar o risco de falência pra menos de 1% das temporadas. E você só verá a cor da bufunfa em 57% das temporadas (em torno de 1.700 de 3.000).
A brincadeira só passa a dar dinheiro pra valer quando você se torna o mestre dos magos e passa a apostar em jogos com erros líquidos de 20%. Nesse caso o lucro médio por temporada é de 40 a 50 units e você encerrará o ano no lucro 5/6 das vezes. Ademais, com 70 units de bankroll você garante 99% de sobrevivência nas temporadas e se quiser, por garantia, estender para 100 units, você ganha a imortalidade.
Claro que falar é fácil. Mesmo virando o mestre, são precisos muitos culhões pra segurar a adrenalina dos milhares. Pra lucrar R$ 100.000,00 por ano sua unit precisa ser de R$ 2.000,00 e o seu bankroll de R$ 140.000,00. Talvez você queira reduzir seu bankroll pra R$ 100.000,00, pra arredondar, nesse caso fique atento porque você vai falir em 3% das temporadas.
E nem falamos de variância por aqui.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Disciplina: onde está você?

A falta de disciplina, devo reconhecer, é um dos meus maiores problemas nas apostas esportivas. Tenho meus hábitos falhos, sou como um viciado em cigarros com preguiça de combater o seu vício. Adio toda semana meu programa de mudança de hábitos. São tantas práticas ruins que tenho até vergonha de admiti-las: tenho preguiça de ler as notícias esportivas, não enfrento os dados estatísticos de meu desempenho, desprezo o uso das agendas, não verifico a programação televisiva, postergo os estudos esportemétricos, relaxo minhas regras de gerenciamento de bankroll, misturo apostas por lazer, aposto em esportes que não entendo nada por mera curiosidade, sou motivado não pelo lucro mas por ter ligado a televisão e não ter nada pra fazer, caio em pegadinhas da imprensa comprada defendendo algum time, me rendo a análise ruim de comentadores idiotas, não sigo minhas regras de ouro, abandono apostas ao vivo por preguiça de cancelá-las, não suporto derrotas injustas, deixo um dia ruim me abater.
Um bom programa disciplinar deve incluir:
— Ler as notícias diariamente, uma única vez, no começo ou no final do dia. Se você olhar muitas vezes, como muitos fazem, pode desfocar de sua atividade finalística. Abra uma exceção para os jogos ao vivo que acusarem mudança de cotações, para saber se há algo novo antes de apostar.
— Escrever na sua agenda a programação televisiva que você irá acompanhar e os principais eventos esportivos do dia. Desse modo você evita o mau hábito de decidir onde apostar zappeando os canais esportivos.
— Reservar um dia, de preferência segunda-feira, para estudos de suas estatísticas de desempenho e para aprofundar-se em esportemetria. Você precisará de mais tempo do que apenas um dia por semana, é claro, até desenvolver suas metodologias.
— Se você usar o sistema de apostas de valores por units fixos, se ater ao seu estudo de risco e cogitar a hipótese de não alterar a quantidade de units em apostas diferentes. A vantagem é que você pode usar softwares ou opções nos sites de apostas que pré-estabelecem a quantidade apostada. Dessa forma você evita a tentação de mudar, pra baixo ou pra cima, o valor apostado e ficar confuso com as oscilações.
— Se você o sistema de kelly, ser religioso no percentual aplicado e só alterar tal valor após determinado período (por exemplo, no começo do trimestre ou no começo do mês).
— Anotar e colecionar os nomes dos comentadores e analistas esportivos que você confia e aqueles que despreza.
— Ser realista na administração de seu tempo. Quando você começa a pesquisar ligas de futebol do Azerbaijão, da Guiana ou de Cingapura pode ser um sinal que você está desfocado. Se você tentar abraçar o mundo com certeza fará um outro apostador feliz ou uma casa de apostas ainda mais rica.
— Só manter uma aposta ao vivo se você estiver ao vivo.
— Criar uma oração em que você reafirme seus princípios e compromissos com as apostas esportivas (Eu me informarei antes do jogo, me concentrarei ao vivo, serei fiel às regras de gerenciamento de bankroll, aceitarei as derrotas como normais, focalizarei minha atenção nos esportes e campeonatos que conheço, me comprometerei ao estudo contínuo e manterei um diário). Repita essa oração quando acordar e se deitar.


Seja rápido na inversão de seu raciocínio

É difícil explicar as raízes humanas da teimosia. Talvez ela ocorra porque é dolorido admitirmos o erro: pode ferir nossa autoestima. É gostoso pensarmos que estamos sempre certos e vivendo sob as melhores condições possíveis. Mas é péssimo para as apostas esportivas. A teimosia cobra um preço alto em nosso desempenho.
Você precisa treinar mudar de opinião rapidamente. Tente fazer exercícios cotidianos. Decida algo (a cor de uma roupa, uma comida, um programa de televisão) e se obrigue a alterar sua escolha dez minutos depois. Diminua esse tempo paulatinamente, todos os dias, até fazê-lo o mais rápido possível. É preciso não misturar a capacidade de decidir por um caminho diferente da mera confusão ou indecisão. É preciso estar a postos para a busca permanente de alternativas, de modo ligeiro.
Eu, confesso, não sou bom nisso. Costumo ficar congelado em decisões passadas e, mesmo vendo o barco afundar, fico torcendo para que o óbvio não ocorra. Quando o castelo começa a desmoronar você não pode ficar assistindo a destruição de dentro de seu camarote. Precisa reagir. Uma reação rápida é sinal de esperteza e inteligência.
Claro que falar é fácil. A maioria dos processos mentais nas apostas é semelhante à história do sapo que morre num caldeirão de água quente aquecido aos poucos e não é capaz de reagir perante as pequenas gradações de acréscimo de calor. Nas apostas, a gente perde aos poucos. É necessário um treinamento mental rigoroso para aprenderemos a reverter decisões rapidamente. Isso é bem mais difícil do que tomar decisões rápidas quaisquer e à esmo — algo que pode envaidecer. Mas reconhecer o erro, de instantâneo, não envaidece ninguém, pelo contrário, apenas nos humilha e nos lembra o quão difícil é a vida e quão burros nós somos na realidade, ao repetirmos pela enésima vez o mesmo erro. Pode ser duro para a alma, mas é muito bom para o bolso. 

Meta-análise de maio de 2013

As carteiras mudaram um pouco mais do que o normal em maio, em um movimento inverso ao mês anterior, aumentando, agora, o espaço para as blue chips.
A Ativa, que tinha resolvido entrar na bolha das faculdades no mês passado, excluiu AEDU abrindo espaço para AMBV3, ao lado das persistentes LREN3, ITUB4 e VALE5 e da experimentação com KLBN4. Chama a atenção a persistência da mineradora, o que também ocorre na carteira da Octo, que a manteve junto de BVMF3 e ITUB4, recuperou SUZB5 do mês retrasado e aumentou a exposição às blue chips, incluindo AMBV4 e retirando KROT3 e EZTC3. As duas carteiras promoveram mudanças semelhantes.
A Santander acredita com muita fé em suas apostas. É a única corretora que ainda manteve CSAN3 e KROT3, ao lado de PCAR4, ITSA4 e EZTC3.
A Souza Barros, que no mês passado havia fugido de ações que o mercado às vezes considera caras, como AMBV3 e TOTS3, e tinha acrescentado opções perigosas como OIBR4, levou um tombo no desempenho de abril que pode comprometer seu ranking no ano. Excluiu a telefônica e um banco, para montar a carteira com CTIP3, ARTR3, BRFS3, CIEL3 e RENT3. Parece uma aposta gráfica, talvez não muito "sadia", tendo em vista o crescimento forte da Brasil Foods e da Cielo no mês que se passou.
A Totus, apesar da queda em abril, manteve-se na carteira da Planner, compartilhada com BRPR3 e TAEE11, além das recém introduzidas ITUB4 e ALSC3, no lugar de ações de mercado interno, como SMTO3 e CRUZ3.
A carteira da Citi passou por uma revolução. Manteve apenas ITUB4, excluiu BRFS3, CCRO3, EVEN3 e TIMP3, para abrir espaço para PETR4, CSAN3, LPSB3 e TBLE3. A mudança em prol de small e medium caps é curiosa, tendo em vista a tradição de poucas apostas da Citi e a contramão do mercado nesse mês.
Também ouve revolução na SLW, que só manteve DASA3, para não assustar com tantas trocas, e trouxe BBAS3 (no lugar de Bradesco), MYPK3, BEEF3 e BRML3.
A Bradesco montou uma carteira pra mostrar que não tem medo de ações caras: incluiu, no mesmo lote, HYPE3, RADL3 e ESTC3, ao lado de blue chips como BVMF3 e GGBR4, para amenizar.
 A Geração Futuro, acertou a mão no mês passado ao congelar sua carteira e, talvez por isso, só trocou LREN3 por RAPT4, junto de ITUB4, KROT3, CIEL3 e UGPA3.
Quanto a XP, a verdade de suas apostas especulativas se mostrou no mês passado, com o pior desempenho mensal que anulou os bons ganhos anuais. Baixaram a bola e diminuíram as maluquices. Agora até parece uma carteira comum: ITUB4, PETR4, VLID3, BRML3 e CGRA4.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Apostando contra arbitradores

Nas casas de apostas, os ajustes iniciais das cotações devem ser os mais rápidos possíveis para os donos do negócio não perderem dinheiro. É claro que geralmente as comissões são tão altas que mesmo uma administração passiva consegue ter lucro. Outras vezes, para quem faz arbitragem, algumas casas simplesmente não honram seus compromissos.
Uma estratégia possível de ser explorada é oferecer cotações eventualmente fora do equilíbrio para lucrar com os investimentos dos arbitradores. Imagine uma casa, a Bobobet, que oferece a cotação 3.60 para um time cuja cotação real, de equilíbrio, seja de 3.40. Lembre-se que você tem de pagar 5%  de comissão sobre os ganhos líquidos, que neste caso serão R$ 0,12 a cada R$ 3,40 ganhos. Nessa situação você pode oferecer cotações no intervalo de 3.53 a 3.59 a favor, aguardando que alguém aposte contra para se aproveitar de alguma oportunidade de arbitragem. Não se esqueça que o arbitrador também terá de pagar sua comissão. Se for de 5%, em uma aposta de 3.60, terá de pagar R$ 0,02 aproximadamente. O que nos resta, portanto, é um intervalo pequeno para explorar (de 3.53 a 3.57), mesmo para uma aparentemente grande diferença entre as cotações.
É importante, para quem abarcar esta estratégia, saber reduzir suas comissões pagas até o mínimo possível. É preciso saber calcular corretamente a comissão paga para não comprometer seu lucro de longo prazo.

Montando a curva de velocidade das apostas acumuladas

As apostas ocorrem em um período de tempo delimitado. São lançadas pelas casas de apostas poucos dias antes dos eventos e só acabam quando há o apito final. É importante ter ciência de onde você está se metendo. É preciso conhecer como o volume de apostas se comporta com o passar do tempo. Aprenda a responder a tal pergunta e achar os seguintes coeficientes, o volume médio e o volume esperado de apostas para determinado jogo, para que possa identificar alguma atipicidade.
Em tempo, é preciso dizer, é claro, que o objetivo do apostador é sempre detectar alguma anomalia no mercado para se aproveitar dela. Os índices de volume variando no tempo, uma medida de velocidade, te permite acompanhar as estranhezas. Mais questões precisam ser respondidas: será que o volume de apostas ao vivo é condizente? Houve algum percentual incomum de apostas antecipadas? (por exemplo, um dia antes do evento esperado já houve um acúmulo muito alto de apostas). A mudança dos volumes esperados foi acompanhada de mudanças nas cotações? Se houve ajuste nos preços de equilíbrio, eles foram a causa ou a consequência das alterações nos volumes?
O volume geralmente é uma variável subestimada na análise dos mercados financeiros. No mundo das apostas esportivas não é diferente. Poucas pessoas sequer prestam atenção nele. Para a maioria é como se não existisse. Aproveite essa miopia do mercado a seu favor.

Lucrando com preços de equilíbrio estáveis e grandes volumes

Imagine uma situação em que as cotações parecem congeladas, algo como 1.43 a favor e 1.44 contra ou 1.08 e 1.09. Você já acompanhou os gráficos para identificar alguma tendência, mas não encontrou nada de interessante. O que fazer agora? Uma simples estratégia é ter paciência e ficar na fila.
Faça uma aposta a favor de 1.44 e contra de 1.43 e aguarde o fechamento dos negócios. Mas você necessita tomar alguns cuidados. Jamais deixe a aposta aberta, pois caso contrário a comissão paga arruinará seu negócio no longo prazo. A tentação de deixar a bola rolar para ver o que acontece por certo significa prejuízo. Se o mercado se mexer para o lado errado, também cancele a aposta o quanto antes. Parte de seus lucros serão necessários para pagar os movimentos inesperados do mercado.
Use indicadores de circulação de apostas para saber se o tamanho da fila é ou não é impeditivo. A ideia é descobrir se a sua fila anda rápido ou devagar. Simplesmente divida o montante total já apostado pelo montante presente na fila, a favor e contra, na sua cotação de equilíbrio, no caso de jogos com cotações baixas e mais estáveis. No caso de jogos com cotações altas, como 1.8 ou 2.0, convém somar as propostas de a favor e contra adjacentes, aproximando-as ao valor de equilíbrio como uma medida de circulação do mercado.

Como apostar em gaps

Certos jogos, geralmente os de baixa ou média liquidez, possuem gaps grandes entre as opções de apostas a favor (back) ou contra (lay). Imagine a seguinte situação: 1.42 a favor e 1.56 contra. Nesse caso, você pode inserir duas apostas: a favor, 1.55 e contra 1.43. Caso as apostas se concretizem, você consegue um lucro bruto de 12 pontos. Claro que não é tão fácil quanto parece, pois a tendência, quando se aproxima a partida, é o gap se fechar aos poucos até chegar à cotação de equilíbrio, sem que tenha havido um número significativo de apostas no intervalo.
Para achar a cotação de equilíbrio utilize uma casa de apostas grande, como Bet365, Bwin ou Pinnacle e aplique a comissão implícita cobrada. Existe, necessariamente, lucro no longo prazo na operação de fechar gaps, salvo se houver erro sistemático na modelagem das casas de apostas. Porém se você descobrir tal erro, fazendo os corretos estudos estatísticos, pode aproveitá-lo para seu próprio benefício.
Podemos, para nosso auxílio, criar um índice para mensurar a qualidade do gap:
QUALIDADE DO GAP= Variação da cotação x Totalização do montante apostado x Raiz cúbica do valor absoluto.
A variação da cotação é simplesmente uma medida de distância entre as cotações, mensurada num intervalo de 0 a 1 (simplesmente use as probabilidades das cotações para seus cálculos). A totalização do montante apostado também ocorre num intervalo de 0 a 1, sendo 1 o total apostado antes do início do jogo. Ademais usamos a raiz cúbica do total apostado com o intuito de preferir jogos com um volume absoluto de apostas grande, pois nesses casos as probabilidades de convergência para as cotações de equilíbrio são muito maiores.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Não desanime com infortúnios no final do jogo

Acontece comigo e deve acontecer o mesmo com todos os apostadores amadores. Você acompanha a partida inteira e tem a certeza de que sua aposta foi um bom negócio. O seu time escolhido corresponde às suas expectativas e o time adversário não apresenta perigos. Você fez algum tipo de aposta de que não pode ocorrer mais gols e se alivia quando chegam os 35 minutos do segundo tempo e tudo parece encaminhado. De repente surge um gol e seu castelo de cartas desmorona.
No final é que mora a ilusão. Não se esqueça que a probabilidade de ocorrência de um gol, nesse momento (após 80 minutos de jogo), é de aproximadamente 30%, ou três em cada dez jogos. Mesmo aos 40 minutos do segundo tempo não é hora de comemorar: 16% das partidas assinalam gols após esse período.
O problema que eu quero apontar é o custo psicológico desses gols, que só é piorado quando não conhecemos de cor as estatísticas corretas. Um gol no final da partida é um golpe no coração de qualquer apostador. Eu,em particular, me sinto triste e injustiçado. Atribuo unicamente tais gols ao meu azar, mas é raro quando me lembro que esses gols já aconteceram quando eu precisava deles e tive, então, sorte. O perigo é a desestabilização mental, tão cara aos apostadores.
Se você não for capaz de aceitar os gols finais, uma boa alternativa é encerrar suas apostas aos 35 minutos do segundo tempo. Os oitenta minutos de jogo, a essa altura, já devem ter sido suficientes para comprovar se seu palpite era bom ou ruim. Mas se você gosta de adrenalina, sugiro que estude com afinco as estatísticas específicas dos minutos finais, que parecem guardar segredos e revelar regras próprias.