sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Seguir Luiz Barsi vale a pena?

O raciocínio de Luiz Barsi parece simplista demais, mas me parece um excelente guia para qualquer investidor. Ele é sintético, acompanha, de fato, as opções de investimento no mercado brasileiro. É extremamente crítico com as alternativas que não compra, mas talvez exagere nas vantagens das ações que tem em carteira.
É óbvio que o mercado financeiro, por meio dos bancos de varejo, oferece opções muito ruins para o pequeno investidor brasileiro, geralmente com juros reais negativos. E que os imóveis dependem de fases muito boas, que são difíceis de prever numa economia que cresce com solavancos. E que é difícil ganhar, de forma líquida, mais do 3% em aluguéis e que estes podem dar muita dor de cabeça. E que investir em índices de ações no Brasil não é uma boa, porque há muitos papeis apodrecendo no Ibovespa. E que ser sócio de uma empresa de capital fechado o transforma em um gestor, que enfrentará muitas dificuldades, como em qualquer gestão administrativa em nosso país, e abrirá mão de um sono tranquilo.
Quem prestar atenção verá que o fundamento das dicas de Barsi repete as lições de Buffet. Gastar somente o necessário e investir ao invés de especular. Parecem conselhos bobos e baratos, mas é difícil discordar que talvez apenas esses dois quesitos sejam suficientes para explicar o comportamento bem sucedido de alguns quando comparado a outros.
As pessoas escolhem o consumo e a especulação porque o hoje é mais importante do que o amanhã. Não há muito mistério nisso. Claro que a propensão para gastar e especular depende da cultura e do país que o indivíduo vive. Mas nem tudo é simples.
A questão que se mantém em aberto é a relação entre especulação e consumo. Ao que parece, os especuladores não são somente mais ambiciosos, porém mais presentistas também. Quem quer poder e fama, o quer pra agora, e não quando estiver decrépito. O exercício do mando, da masculinidade, da força, não faz sentido como um prêmio para o bom desempenho dos investimentos no final da vida. O exercício do poder é urgente.
É raro notar especuladores que tem benchmarks colados em rentabilidades de outros investimentos. O especulador não busca 3%, 5% ou 7% ao ano. Ele busca esses percentuais ao dia, mesmo que oscile entre perdas e ganhos e o resultado final fique, no somatório, bem aquém do esperado.
No Brasil não temos muitos investidores. Temos especuladores e consumistas. É o país do presente, do povo que ficará na história recente da microeconomia por aceitar pagar 100% de juros anuais para poder consumir eletrodomésticos. Em tese, tal comportamento deveria favorecer o pequeno investidor, mas infelizmente as instituições do país não estendem para os indivíduos tais ganhos.

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