quinta-feira, 5 de abril de 2012

Neoliberais negam a desindustrialização

O debate da desindustrialização está bombando nesses dias e vale um post, enquanto o governo cede aos lobbies.
Por trás dos números da desindustrialização — a perda da participação da indústria na renda de um país (e consequente ganho do setor de serviços) — há dois movimentos contraditórios. Por um lado, a redução da indústria pode ser um indicador de que o país está evoluindo e se tornando desenvolvido. Em países ricos, é o setor de serviços que se expande, porque o consumo das famílias passa a ser maior nesse setor. Há cem anos atrás aconteceu o mesmo com o setor da agricultura, numa queda gradativa de sua importância. Por outro, a mesma redução da indústria pode esconder a perda de competitividade da mesma.
Os neoliberais não sabem analisar a competitividade da indústria. Interpretam a desindustrialização como um efeito do crescimento econômico recente do país, moldando-se às economias avançadas. O problema dessa interpretação é que não apresenta medidas para melhorar a competitividade das empresas industriais. O laissez-faire, nesse caso, é danoso, porque o resto do mundo toma, sim, um vasto conjunto de medidas para incentivar aumentos de produtividade e exportações da indústria.
De qualquer forma, escolher setores, a dedo, para favorecer, como tem feito o governo Dilma, é uma opção política perigosa. Elege amigos e declara inimigos. Torna-se um balcão de pedintes de terno e gravata. A alternativa seria desvalorizar o câmbio e fim de papo. Mas é preferível encarar industriais chorões a enfrentar massas populares revoltadas com o aumento da inflação.

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