quarta-feira, 11 de julho de 2012

Think tanks brasileiros caros e ruins

Muito interessante o post "A presidência do IPEA e os Departamentos de Economia" do blog do Mansueto. Ele se espanta pela briga política para indicação do presidente do IPEA, de um órgão de apenas R$ 300 milhões de reais por ano cuja maioria das despesas é de folha de pagamento e que o poder de influência é questionável. O autor, no entanto, não estende a discussão. Por esse preço, melhor seria se revíssemos a validade de ter um órgão como o IPEA nos dias de hoje.
Em muitos países, os think tanks são de natureza privada, com recursos obtidos de doações de indivíduos ou empresas que querem pensar e influenciar a política. É interessante ter essas instituições de natureza pública, pelo menos em tese. Mas não a qualquer preço. Antigamente, se não fosse nossas entidades de planejamento, dificilmente teríamos uma boa reflexão sobre as políticas nacionais. Porém, hoje, a academia publica muito, num ritmo maior do que há anos atrás e a maioria das pesquisas e opiniões vem de centros de pesquisa universitários, por meio de publicações em revistas, simpósios, congressos, teses e dissertações. Boa parte desse trabalho é feita por pessoas que se dedicam à pesquisa mesmo sem remuneração e o fazem com grande qualidade, sob os olhares críticos de seus pares.
É importante comparar o IPEA com o NBER — National Bureau of Economic Research. O congênere americano publica ao menos dez vez mais que o brasileiro. Para tal, teve despesas da ordem aproximada de R$ 70 milhões em 2011. E com esse valor conseguiram financiar pesquisas de mais de 1.100 pesquisadores associados.
O Brasil paga caro por suas pesquisas. O abuso não é só no IPEA. O Depec, do Banco Central, tem mais de 200 funcionários e um custo altíssimo. O BNDES também tem sua equipe de pesquisa para estudar a indústria, assim como o Tesouro para estudar a dívida. Mas cada órgão desse, somado ao Planejamento, ao IBGE e à Fazenda, ainda estudam conjuntura econômica e há centenas de pessoas fazendo basicamente a mesma coisa. O custo é fantástico e o resultado é pífio, porque a maior parte dos frutos pode ser obtido de modo mais eficiente e barato no setor privado ou junto às universidades. Precisamos urgentemente racionalizar nossos think tanks.

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