quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O que as apostas nos ensinam para a vida

Pensamos muito em como ganhar, em como prever o futuro, mas não temos bola de cristal, tampouco a onisciência divina. Somos humanos, erramos, aprendemos lentamente, caímos, nos reerguemos, lutamos contra inimigos íntimos e desconhecidos, buscamos um final feliz ou mais uma vitória suada. Não queremos a paz derradeira, mas a ação contínua, o chute ao gol, o saque, a bola ao cesto, até o último ponto ou apito.
Para nos tornarmos bons apostadores, temos de ser humanos melhores, controlados, sábios, que espreitam o adversário para agir na hora certa, que formulam ordem em meio ao caos, que promulgam leis para evitar a anomia, que acham o previsível em meio ao aleatório.
A vida é como um jogo. Podemos vê-la como uma sucessão de aleatoriedades incontroláveis, por um lado, ou como uma sequência de fatos previsíveis. Não podemos focar naquilo que não está sob nosso controle, mas nem acreditar que temos o leme para nosso destino. Erramos, para aprender. Vencemos e perdemos, para que ao final dos tempos, tenhamos a certeza de que a disputa valeu a pena.
Uma aposta perdida na vida — um negócio mal feito, uma profissão inadequada, um parceiro amoroso ruim, uma doença de cura difícil — não pode fazer nos curvar. É preciso esquecer a perda, perdoar, relevar, para o nosso próprio bem, para retomarmos nosso desempenho ótimo na próxima aposta. Devemos aprender a crescer sob pressão e nos alimentarmos das cinzas das derrotas. E saber olhar para o horizonte com o deslumbramento de quem vê a sublime paisagem pela primeira vez, mas com a sabedoria de quem conhece cada trilha e cada pegada.
Não fazemos all-in na vida nem colocamos todo nosso sangue em uma única empreitada. Não podemos arriscar tudo em um único jogo. Devemos estar preparados para um campeonato longo de várias partidas e não arriscarmos tudo num mata-mata decisivo. A vida também é longa, em princípio, e seu desempenho estará registrado em nossa conta, como todos seus créditos e débitos. Todas as partidas devem ser levadas a sério, com comprometimento de quem faz a final do campeonato.

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