terça-feira, 15 de maio de 2012

A influência dos modelos econômicos na análise política

Lee Sigelman e Robert Goldfarb, em artigo para o Journal of Economic Methodology, buscam analisar por meio de quais ferramentas a ciência econômica tornou-se tão influente na análise política. Sugerem que o caminho da influência se deu pela força das técnicas derivadas do modelo de escolhas racionais.
Até o final do século XX, argumentava-se que esse tipo de análise só valia para os norte-americanos, supostamente mais individualistas e utilitários que outros povos. Hoje em dia a análise se estendeu para todas as democracias. No Brasil demorou para se estabelecer, porém ninguém mais duvida de seu poder analítico.
O sucesso do modelo de escolhas racionais se deu, também, pela ausência de outros modelos. Com o fim de grande parte das experiências de socialismo real o horizonte encurtou. A político passou a se ocupar de assuntos do dia-a-dia, ao mesmo tempo em que os eleitores se educaram e se prepararam para as eleições democráticas. A história caminhou para um contexto em que tal modelo se tornou muito bom para prever resultados e orientar candidatos em suas campanhas. Os políticos podem ser construídos sob medida para atender classes e grupos de opinião.
Goste ou repudie, o modelo veio pra ficar. Ajuda a política e presta grandes contribuições à ciência. Por força das pesquisas de opinião, para subsidiar escolhas de campanha, temos conhecido um Brasil de brasileiros que não tinha sido captado pelos tradicionais ensaios acadêmicos, em geral de cunho marxista. Um país de valores conservadores mas que gosta de um Estado amplo e atuante. Um retrato jamais captado por intelectuais, porque enfurnados em seus escritórios não sabiam e não levavam a sério as opiniões do povão.

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