terça-feira, 22 de maio de 2012

Ecologia e a salvação pelo mercado

Sexta-feira passada André Lara Resende escreveu sobre os limites do desenvolvimento. E admitiu que surpreendeu seus colegas economistas com o tema, pois pode parecer neo-malthusianismo requentado.
Ora, nem 8 nem 80. O maior problema da ecologia é que justamente não prejudica, no curto prazo, os seres humanos. O planeta segue produzindo porque a maioria das respostas para os percalços ecológicos nascem de soluções de mercado.
É óbvio que é impossível replicar o padrão de consumo dos países ricos globo afora. Ninguém disse que isso seria possível. Talvez as mentes ingênuas ricas olhem para um indiano miserável e queiram acreditar que em poucas décadas ele viverá como um nova iorquino. Os recursos sempre foram escassos. A única coisa que irá acontecer é que eles se tornarão ainda mais escassos. E nessa escassez crescente quem ficou de fora da gastança continuará excluído.
A vida das pessoas não ficará um inferno porque o clima irá mudar. Dificuldades existirão nos piores cenários, mas num nível semelhante às crises de hoje em dia, motivadas por bancos fraudulentos ou governos deficitários.
Coordenar esforços multilaterais de prevenção à mudança climática é extremamente difícil de se fazer num mundo com 200 países e tantos interesses divergentes. Às vezes essa dificuldade é subestimada, o que é algo muito ruim, pois passa a impressão que a resposta global é fácil de ser dada em pouco tempo. A verdade, dura e inaceitável para os ecologistas, é que não haverá resposta global.
Voluntariamente, as pessoas não deixarão seus carros em casa para de ir de bicicleta para o trabalho, nem optarão por não aquecer suas residências. Incentivos no campo ético e com respostas difusas no longo prazo têm resposta ruim em nossas ações. A causa ecológica é o típico motivador que deixamos para o amanhã, principalmente se estiver chovendo e frio hoje. Se estamos num clima muito quente, queremos um ar-condicionado agora e prometemos corrigir nossas vidas no amanhã.
O incentivo mais completo e eficiente é o financeiro. Hoje o preço dos combustíveis já dita quem pode ou não andar de carro. Quem vive na riqueza não sabe disso, mas quem precisa pegar um ônibus lotado ou involuntariamente ir de bicicleta ou a pé para o trabalho sabe muito bem. Se alguém economiza combustível em um país rico, alguém usa essa energia em um país pobre.
A regulamentação internacional funcionando não virá. Alguns países, como já ocorre hoje, impõe regulação ambiental. Quem não impõe acaba se beneficiando de preços mais baratos.
A saída para o imbróglio ambiental é necessariamente de mercado. Lâmpadas eficientes mais baratas, carro elétrico, energia renovável. Se um dos países muito poluidores avançassem na regulamentação desses produtos

Nenhum comentário:

Postar um comentário