quarta-feira, 2 de maio de 2012

Selic abaixo de 8% é possível?

É sabido que a poupança limita baixas ulteriores da Selic. As taxas de juros futuras sofreram forte queda hoje, quarta-feira, com a perspectiva da presidente Dilma discutir com a base governista mudanças na fórmula de remuneração da poupança. . É difícil imaginar notícia mais impactante — somente a baixa da poupança de fato assim seria. O contrato de janeiro de 2013 caiu 0,14 p.p., para 8,15, e o de janeiro de 2014 0,22 p.p., para 8,55. Na semana passada prevíamos tendência de queda, mas não tão próxima no tempo.
O momento é delicado. Talvez o mercado tenha reagido excessivamente, por conta do medo. O problema, no entanto, é que há fortes evidências de que a queda dos juros será pra valer. A disposição é da presidente e ela já tem mostrado força gerindo diretamente o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Não será surpresa se o novo piso for abaixo de 8%. Com inflação na meta, de 4,5%, teríamos teóricos juros reais de 3,5%. Para o pequeno investidor, significaria um ganho real, descontados taxas do Tesouro Direto, Imposto de Renda mínimo e inflação, de 1,875%.
Mudar a regra de remuneração da poupança, do ponto de vista técnico, é simples, basta mexer na TR e permitir que possa ser negativa. O problema é político. Mas nada que fórmulas complexas de cálculo não possam ocultar a realidade — foi assim com o fator previdenciário — e as pessoas fiquem com preguiça de entender as mudanças. A decisão, naturalmente, é política, e é muito menos impopular, na minha opinião, que subir o preço da gasolina, por exemplo. Ademais, quem aplica em Caderneta de Poupança nunca esteve muito atento aos números, nos últimos anos, e, sim, à segurança. Cobrar um pouco mais por isso pode passar despercebido.

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