quarta-feira, 21 de março de 2012

A academia brasileira é mesquinha

Saiu no blog do Mansueto uma crítica à academia brasileira. Somos autocentrados porque não se pesquisam outros países. Nossos seminários estão mais para propaganda do que para trabalho conjunto. Nossos cientistas fornecem respostas ao invés de perguntas. O post ficou com cara de pergunta, por que somos assim?
Acho que as respostas seguem duas vias principais. Em primeiro, o brasileiro não gosta de ler nem de estudar. Os que o fazem, são esquisitos, nerds, excêntricos ou outsiders. E boa parte é mesmo assim, infelizmente. Em segundo, o Brasil é um país muito hierárquico e aqui a ciência torna-se duplamente hierárquica. Isso prejudica a emergência de bons pesquisadores e pensadores. Muita gente boa desiste no meio do caminho, por ver que o sistema universitário é corrupto e não é sério. Ademais, nossa ciência tem mais prepotentes e egocêntricos do que em outras praias e esses sujeitos não têm interesse em colaborações. Protegem-se em cargos públicos vitalícios, conquistados menos por méritos técnicos e mais por boas amizades dentro dos departamentos e muito puxa-saquismo.
Mudar não é fácil. Tente, enquanto aluno, pesquisar outro país — você não conseguirá orientadores e recursos, não publicará em revista qualquer e talvez nem entre num curso de pós-graduação. Tente organizar um grupo de pesquisa cujo interesse imediato não seja apenas agregar um maior número de publicações — as pessoas não verão sentido em tamanho desgaste de ter de se relacionar com seus pares. Tente admitir para pessoas comuns que você, enquanto cientista, tem mais perguntas do que respostas — amigos e familiares pensarão que você é maluco, doente, filósofo, mimado ou sonhador, afinal, as pessoas, para aguentar os estudos, têm de ter alguma vantagem.

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