sexta-feira, 16 de março de 2012

Meta de crescimento no Brasil é possível?

O Brasil resolveu copiar o discurso da China e estabelecer uma meta de crescimento. Na minha época de colegial, processo semelhante a gente chamava de aprender por osmose — quando o aluno ruim, sem ter estudado de fato, senta do lado do aluno bom pra ver se absorve os conteúdos da matéria telepaticamente.
Não basta boa vontade para se ter uma meta de crescimento. A China pode estabelecer tal meta porque grande parte das decisões de investimento estão nas mãos do Estado e possuem fortíssima influência no crescimento do PIB. No Brasil, as decisões de investimento estão nas mãos do setor privado e não é o governo que decide quando um empresário investe ou produz mais — depende, por óbvio, de uma série de fatores. Ademais, nossa taxa de poupança/investimento é baixa. Embora nosso governo seja robusto, sua capacidade de investimento é muito limitada, como sabemos, porque nossas receitas são para custeio e juros.
Taxas de crescimento possuem limite superior, dado pelos recursos que podem ser utilizados (mão-de-obra, capacidade produtiva, tecnologia, recursos naturais). Mas não possuem limites inferiores — diante de crises, podem ser negativas em percentuais altos.
Em princípio todas as economias querem crescer o máximo possível no longo prazo. Só faz sentido uma meta se você quiser limitar seu crescimento no curto prazo — para não aumentar a inflação exageradamente ou não provocar capacidade ociosa que possa prejudicar a trajetória de crescimento de anos vindouros. Ora, não estamos no conforto chinês de podermos limitar o crescimento — não fazemos nem ideia do que é isso.
Esperemos para ver qual engodo o governo irá usar para dizer que está perseguindo sua nova meta econômica.

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